quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A literatura está aberta a um infinito número de interpretações... dependem elas das nossas experiências pessoais, da nossa maturidade, dos nossos gostos... enfim, de um incerto número de de vivências que sempre nos relegam para um passado, nem sempre muiro distante. Daí surgem as vozes dissonantes quando falamos de um único livro, daquele único conjunto de palavras singulares que se amontoam e não se limitam a uma só intenção comunicativa.

Os livros são assim e têm, grande parte das vezes, a intenção que nós próprios lhe quisermos dar. Isto tudo para falar do livro "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago. Falo dele agora, após ter assistido à adaptação cinematográfica da obra. Muitos foram já os comentários e, embora na maioria favoráveis, não deixaram de existir vozes dissonantes... Temos liberdade para tal. Mas, apesar de não gostar particularmente de andar com a corrente, tenho de admitir que gostei bastante da adaptação de Fernando Meirelles, que conseguiu captar todo o humanismo do livro. Apesar de ter excluído certas cenas que poderiam ter sido interessantes, obviamente sabemos que um filme totalmente fiel acabaria por se tornar demasiado extenso. Esteve bem q.b.

Obviamente, depois de toda a expectativa, fiquei, também eu, um pouco emocionada enquanto assistia ao filme, por ser tão fiel e respeitar as intenções comunicativas de Saramago... ele próprio não ficou desiludido e, para quem leu o livro especialmente, é um filme a não perder.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Artes & Letras

Após ter recomendado Nneka num dos posts anteriores, não poderia deixar de recomendar outra banda cujo som me tem distraído os ouvidinhos. Chamam-se "Cansei de ser Sexy" (ou simplesmente CSS), são oriundos do Brasil, São Paulo, mais especificamente. O seu estilo é bastante mesclado, misturam várias influências musicais, numa variante Pop aproximada ao "retro" dos anos 60 (por aí). Apesar de, a nível compositivo e instrumental, não demosntrarem ser exímios, ganham pela sua excentricidade e originalidade num panorama musical em que, tudo o que seja inusitado, não parece poder pertencer aos cânones.
Uma das músicas que mais me chamou a atenção, foi esta "Let's make love and listen to death from above", muito fácil de se ouvir e um som até bastante divertido, aconselho vivamente, ainda que vozes dissonantes afirmem que a música desta formação seja "fútil", continuo a argumetar que ganham pela originalidade.



Da música para a literatura, não gostava de deixar de incluir a minha última leitura neste post. Há cerca de um mês ou mais, terminei a leitura do Romance "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago e rendo-me às evidências, é de facto muito bom. Apesar de achar que o Saramago não é nenhum Fernando Pessoa no que diz respeito à composição literária (até porque as suas regras de ortografia muito pessoais não ajudam muito), no que se refere à manipulação das metáforas o autor foi notável a esse nível, desde a crítica à debilidade humana e à falência dos governos e ordens sociais por nós erguidas, até à composição "rápida" do romance, que nos deixa vidrados na obra desde a primeira página até à última.
E já que se fala de artes, nunca é demais uma referência ao cinema, visto que esta obra de Saramago foi adaptada ao cinema Hollywoodesco por Fernando Meirelles. A estreia está marcada para 12 de Novembro, fica o trailler que, a meu ver, mostra alguma fidelidade relativamente ao romance, no entanto, no meu entender, não sei até que ponto a verdadeira mensagem do livro vai chegar aos espectadores que não o leram, e não ficará apenas na memória como sendo um filme baseado numa mera história de ficção científica. Esperemos para ver...