quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Magias de novidade


Foi como que uma epifania, ver-te ali, debruçado sobre o teu trabalho, e voltar-me a apaixonar por tudo aquilo que já esquecera, ou que simplesmente, passava despercebido, pela tua permanência. Como o livro que já foi ganhando pó na estante. Também me apaixonei por ele, em tempos, mas terminei-o e deixei ao abandono de si próprio, sem que o abandonasse definitivamente, por que ali permanece inanimado, preso em si mesmo e na sua matéria, dando-me permissão para voltar a ele e rever o que me fez colhe-lo de uma qualquer prateleira de livraria.
Ganhaste, subitamente, magias de novidade, o teu cheiro familiar parecia-me diferente, a forma como te moves com gestos diminutos, subitamente, parecia-me reinventada e o teu olhar atento, aposto a mim, que te olho deste canto, parece-me, então, dotado de um brilho que nunca te vira trazer. Como se transportasses uma alma que diferia da imagem, já pouco lúcida e esborrada que tinha de ti, porque a tua constante presença não me obriga a guardá-la mais lúcida. Sim, mas estas imagens refratárias, que guardamos, fazem falta, quando vamos no comboio e queremos recordar, simplesmente recordar, por conforto ou simples passagem do tempo. Hoje a tua imagem ganhou uma cor especial, os teus trejeitos foram gravados para futuros devaneios, o som da tua voz ganhou outra força e a forma como concurvadas se deitam as tuas costas sobre a mesa, fizeram-me apaixonar por ti novamente… esquecera-me de ti e dos teus pequenos gestos antes de me enamorar pela segunda vez. Vou voltar a guardá-los, não negligenciá-los, para que nunca me esqueça por que te amo.