Naquela paisagem que nunca esqueço, aquela que me acompanha, desde que me conheço, retiro o marulhar que ainda hoje ecoa nos meus ouvidos.
Atónita olho ainda aquele mar bravio com o qual me fundi, tal qual a distante e infinita linha do horizonte - infinitos meus desejos. Ruí no momento em que os teus ruídos me fizeram esquecer aquele mundo, o meu mundo, a minha paisagem e a minha paz relativa. Fala baixinho por favor...!
Deixa-me ouvir o mar e entregar-lhe os meus pensamentos em mão. Tomá-lo como confidente e olhá-lo eternamente, à minha cabeceira.
Deixa-me sentir o seu desaguar nos dedos dos meus pés descalços e já tão flagelados dos afiados xistos que foram crescendo no solo... Fala baixinho e deixa-me ouvi-lo falar e afogar-me os medos nas suas ondas que crescem e que não cessam.
Deixa-me interrogá-lo e ouvir, no marulho intenso e no replicar dos rochedos, a resposta para as minhas questões...
... até encontrar a minha paz, por favor, fala baixinho, não te faças ecoar nos pensamentos e emoções que não sei sentir e que não saberei tão pouco explicar... deixa-me ouvir o mar... deixa-me descansar...!
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