Sei que o meu pequeno blog pouco ou nada visitado não terá um grande impacto na actual situação do ensino em Portugal, no entanto, cabe-me fazer algumas reflexões que julgo deveras importantes:
1. Ofertas de Escola e afins...
Não poderia ter sido dado um nome tão conveniente a esta plataforma como "oferta", porque de facto são dádivas quase que natalícias, mas claro que não oferecemos presentes a desconhecidos. Portanto, oferecemos prendas ao primo, ao marido, à amiga da prima, etc. Assim, vemos pessoas com uma graduação profissional miserável, sem dias de serviço e mais novas que muitos outros, a tomarem as diversas vagas lançadas por estes dias pelas escolas/agrupamentos TEIP. Acho inclusivamente flagrante que escolas que lançaram 5 ou mais vagas, analisem as candidaturas e decidam os candidatos em menos de 2h. Deve apenas realçar que ainda há escolas que mantêm a idoneidade, como é o caso do Agrupamento Rodrigues de Freitas, no Porto, que fez a análise dos candidatos durante um período temporal significativo e seleccionou pessoas que de facto estariam no topo das listas.
2. As Bolsas fantasma
Fala-se acerca de Bolsas de Recrutamento para aqui e para acoli, mas ninguém sabe quando as há, como serão ou se inclusivamente se algum de nós desgraçados poderá vir a ser colocado numa delas até o fim de Dezembro.
3. O estado falacioso de paz relativa das escolas
Os media, de uma forma geral, têm passado uma ideia totalmente falaciosa de que o ano lectivo que agora se inicia está a correr às mil maravilhas, resta apenas saber porque muitas escolas se queixam com a falta de professores e de horários que foram lançados e que ainda não viram a luz do dia a concurso. Quem sofre? Não só os professores que ainda se encontram parados, mas também os alunos, que mais do que sempre, se encontram a frequentar escolas onde tudo é um maquinismo acelerado, como se de máquinas de fazer protótipos de gente se tratassem.
5. Nem tudo o que é dito o é...
Quando pensava que não actualizaria mais este post, cai na realidade. Dia 17 sai a BR02 e eu recebo uma sms informando-me que havia sido colocada. Convicta de que os horários seriam anuais, não imaginam a euforia, os telefonemas, as sms a informar os mais queridos. Chegando a casa, diante do PC, aceito, obrigada uma colocação temporária pelo período de um mês. Era Sexta-feira, depois das 19h30m, não havia volta a dar, ou aceitávamos na esperança que o mês seja mais alargado, ou não aceitávamos e éramos retirados da bolsa, pois na 2.ª feira, o prazo da aceitação electrónica já teria expirado. Situações hipotéticas: fui colocada no penúltimo horário temporário para o meu grupo, na minha última preferência, caso a bolsa fosse apenas para horários anuais como a DGRHE informou, não seria uma candidata a um horário anual? Quantos de nós não ficaram nesta situação? Quantos candidatos menos graduados ficarão em horários anuais na próxima bolsa e terão possibilidade de recondução no próximo ano lectivo? Não se trata apenas de injustiças, mas de um desrespeito pela classe e pela ética laboral que nos devia reger a todos! E, por fim, um desrespeito pela nossa condição humana, porque quem recebeu a sms na 6.ª como eu, julgou, tal como eu que havia ficado, pela primeira vez num horário anual e quando deparado com a realidade, a revolta, a agonia e a sensação de injustiça tomou conta de nós.
Toda a política do Governo anual relativamente à Educação, é apenas uma proletarização da mesma: somos máquinas avaliadas anualmente, na hipótese de se detectarem avarias, somos máquinas de moldar alunos, somos máquinas de produção massiva de alunos pseudo-bem formados... E tal como máquinas, não somos programados para sentir, para reflectir, para pensar ou agir de livre arbítrio. Entristece-me profundamente saber que a aparente evolução da nossa sociedade não é positiva, convenhamos que até os clássicos sabiam que: A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida e caso os senhores deputados da Assembleia da República não saibam, um dos mais importantes pilares da educação, é o Professor... Pessoalmente, adoro o que faço, quando estou a trabalhar, quase me esqueço de todas estas contrariedades por quais passamos no início de cada ano, mas cada dia que passa, me apetece citar uma colega: "Para que é que não fui para florista?" :)
2 comentários:
Ah!Ah!essa da florista...genial!Mas a história seria a mesma, o sindicato dos floristas iria criticar, com razão , o governo, por não proteger a vida sexual das plantas, etc..
Os governos e a política servem apenas para manter o domínio das classes dominantes através do monopólio de forças omnipresentes. Por isso, desde que os seus filhos tenham o precisam, não há razão para se preocuparem com a educação e o bem estar do pobão.
A vida profissional(com consequências na social e familiar, infelizmente)é uma grande sanduiche de merda, da qual todos temos que tirar uma dentada..
Já estou farta de dar dentadas nessa sanduiche que só pela descrição me enojou um bocadinho assim :)
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