Corre escada abaixo com o casaco ainda meio por vestir, secretamente em fúria consigo própria, galga cada degrau como se fosse aquela escadaria infinita. O saco à tiracolo escorrega a cada súbito movimento... alcança a saída daquele cinzento bloco de apartamentos e, enquanto aperta o cordão numa pressa atrapalhada, olha o céu lacrimejante e escuro... Um bom dia para perder a esperança!
Cativa de todas as superstições, entra numa forçada crença, com o pé direito no carro que a vai conduzir aos seus sonhos mais anseados. Não pega, é sempre assim nos dias frios, custa um pouco, pensou enquanto se acomodava... Olhou o vazio à sua frente, enquanto esfregava as mãos, artrito que afastava o frio, e finalmente seguiu viagem.
O vizinho olhara-a com desdém. Aquela rapariga passava sempre despercebida, com os olhos presos no chão, sempre distraída e trapalhona e um tanto mal-humorada. Por isso é que não há-de ter sorte na vida, é humana - sofre de humores.
No entretanto, pensara ela que não ter cumprimentado aquele estranho homem, não haveria de ser bom agoiro... Não havia sido exemplar, como raramennte o é (Por isso é que não hei-de ter sorte nenhuma - pensou, num silogismo fatalista).
Um estranho pressentimento a abalava hoje... Mas seguiu caminho apressada, mais uma vez atrasada, batia na porta dos estranhos à procura dos sonhos que perdera...
- Desculpe, tem o meu sonho guardado por aí?
- Não! Vá-se embora - dizia a voz zangada do outro lado do óculo.
- Desculpe, não sei dos meus sonhos, pode ajudar-me?
Cativa de todas as superstições, entra numa forçada crença, com o pé direito no carro que a vai conduzir aos seus sonhos mais anseados. Não pega, é sempre assim nos dias frios, custa um pouco, pensou enquanto se acomodava... Olhou o vazio à sua frente, enquanto esfregava as mãos, artrito que afastava o frio, e finalmente seguiu viagem.
O vizinho olhara-a com desdém. Aquela rapariga passava sempre despercebida, com os olhos presos no chão, sempre distraída e trapalhona e um tanto mal-humorada. Por isso é que não há-de ter sorte na vida, é humana - sofre de humores.
No entretanto, pensara ela que não ter cumprimentado aquele estranho homem, não haveria de ser bom agoiro... Não havia sido exemplar, como raramennte o é (Por isso é que não hei-de ter sorte nenhuma - pensou, num silogismo fatalista).
Um estranho pressentimento a abalava hoje... Mas seguiu caminho apressada, mais uma vez atrasada, batia na porta dos estranhos à procura dos sonhos que perdera...
- Desculpe, tem o meu sonho guardado por aí?
- Não! Vá-se embora - dizia a voz zangada do outro lado do óculo.
- Desculpe, não sei dos meus sonhos, pode ajudar-me?
E uma porta mais se fechava contra o rosto da jovem que perdera os sonhos...
Com uma afabilidade inusitada encarava estranhos, carrancudos, exigentes, corruptos pares que nada mais lhe diziam que NÃO...
Galgara km, já o fizera antes, mas hoje caminhava desalentada e olhava o seu reflexo desajeitado nas poças abundantes, que a chuva formava a seus pés... Pesada, voltou a casa, carregando não mais que o seu saco à tiracolo, vazio porém de sonhos e de projectos, vazia ela mesma... Fitou o firmamento com os olhos entreabertos, perante as gotas que caíam daquele céu tão torturado quanto ela. Viu nascer um pequeno espaço, onde a tímida lua e uma estrela solitária se fizeram ver... quase as quis tocar. Por momentos, quis subir bem alto na escada que construira na busca dos sonhos mais profundos e quis roubar a luz daquela lua, usá-la como lanterna e privar todos os demais da luz que há muito as nuvens lhe bloqueavam.
Com uma afabilidade inusitada encarava estranhos, carrancudos, exigentes, corruptos pares que nada mais lhe diziam que NÃO...
Galgara km, já o fizera antes, mas hoje caminhava desalentada e olhava o seu reflexo desajeitado nas poças abundantes, que a chuva formava a seus pés... Pesada, voltou a casa, carregando não mais que o seu saco à tiracolo, vazio porém de sonhos e de projectos, vazia ela mesma... Fitou o firmamento com os olhos entreabertos, perante as gotas que caíam daquele céu tão torturado quanto ela. Viu nascer um pequeno espaço, onde a tímida lua e uma estrela solitária se fizeram ver... quase as quis tocar. Por momentos, quis subir bem alto na escada que construira na busca dos sonhos mais profundos e quis roubar a luz daquela lua, usá-la como lanterna e privar todos os demais da luz que há muito as nuvens lhe bloqueavam.
Mas invadiu-se-lhe um alento, uma esperança no dia em que o céu se poderá abrir, nem que seja por uma nesga, para assim poder tocar a sua sorte, a sorte que era a dela... A sorte que ainda não veio, mas que há-de vir.
2 comentários:
Dasse, quando for grande quero escrever assim! ;) Já fui e sou muitas a menina que quis roubar a lua... e o euromilhões... Fogo, não posso dizer nada bónito que estrago logo tudo a seguir... Vem, vou embora antes que tu veijas que eu tou online no msn no trabailho e mandas-me para o ca, para casa ;)-
Andreia, Andreia... escreve no teu blog e não venhas para aqui aparvalhar:)
Eu já quis roubar a lua, mas agora vou ver se roubo o sol para ficar bela e bronzeada para o próximo Verão:)
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