No reta final do caminho que nos restou para percorrermos juntos, as nossas palavras foram ficando cinzentas, as mãos ganharam espinhos e os corações mal ecoavam nos peitos que erguíamos como se fossem muralhas. O caminho foi ficando cada vez mais apertado e sinuoso... incapazes fomos de continuar a percorrê-lo juntos. Os olhares também mal se tocavam e fomos obrigados a escolher, cada um, o seu trilho... no meu, toquei as verdejantes ervas daquele campo que atravessei na ânsia de te encontrar no final. Vi as vidas resplandecerem naquela natureza inequivocamente bela, vi o brilho das águas que sobravam dos dias de chuva, em pequenas poças onde podia ver o meu reflexo. Caminhei incessantemente até o cansaço me tomar, tropecei vezes incontáveis sem me deixar porém demover. Ergui-me vezes sem conta perante os obstáculos que persistiam. Recolhi-me nos recônditos espaços para repousar o meu espírito inquieto por te rever... já não nos olhávamos como antes, já nem nos falávamos e a coexistência era pautada pela indiferença... Oxalá o caminho nos tenha transformado...
Corri o mais depressa que pude para te tornar a abraçar, mas no fim dos nossos trilhos, no passo em que julgávamos poder cruzar-nos, apenas encontrei as pegadas que deixaste para trás... Mas afinal, o que viste tu no teu caminho?
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