terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Ano novo... desejos novos

Eis que se aproxima o término de mais um ano, ainda jovem, este milénio, mas já com tanta tinta escorrida a marcar história. À imagem de amos anteriores, é tradicional olhar retrospetivamente para o ano que nos deixa, analisar as conquistas, as perdas, as desilusões e as alegrias de forma a definirmos um esboço para o novo ano que se aproxima. Resoluções de novo ano, desejos, necessidades são então entoados, em uníssono, com as doze badaladas do dia trinta e um.
Num ano em que assistimos a escândalos políticos, presenciamos também um casamento real. Num ano em que a fúria da Natureza nos trouxe tragédias como terramotos, inundações e maremotos, mais um avanço na cura para a o HIV foi feito. Num ano em que a pobreza aumentou significativamente, um pouco por todo o mundo, a ajuda humanitária atingiu níveis históricos.
Terminado um ano assim, nós que temos a possibilidade de cumprir todos os rituais que cabem à data, resta-nos subir às cadeiras, agarrar num punhado de uvas passas para as engolir resignadamente enquanto, em frações de segundos, planeamos um novo ano, independentemente dos desígnios desse tão imprevisível destino.  
Perante o que vivenciamos no ano que agora termina, julgo que nos cabe olhar os tempos vindouros com um relativo otimismo. Carpe diem: aproveitar cada dia, como se fosse último, mas esperando sempre o dia de amanhã e acreditar, piamente, que, depois da tempestade, surge sempre a bonança. Sabedoria popular ou conhecimento empírico, a verdade é que, a cada ano que por nós passa, inúmeros são os motivos que nos levam ao chão: desastres, tragédias, perdas pessoais, insucessos, instabilidades, mas certo é que, como tudo no Universo, dos planetas, aos astros, nada é eterno e a temperança surge sempre com o seu natural efeito catártico, limpa-nos a alma e torna-nos resilientes para enfrentar novas lutas e obstáculos.
É certo que, tal como muitos de nós, olho para o ano que passa e relembro um ano especialmente árduo, custoso, cheio de dúvidas, complexo e até mesmo triste, mas certo é que estamos a terminá-lo sem que tenhamos sido vencidos. É portanto, natural, que entremos, relutantes no ano de 2012, mas, visto que já tomamos um ano como exemplo, enfrentemos os próximos dias conscientes da dificuldade que encararemos, mas crentes que poderemos operar a mudança e alterar o nosso próprio destino. Parte de nós fazer com que 2012 seja um ano bem mais positivo, apesar da austeridade, corrupção, promiscuidade ou ilusão. 
Por isso, este ano não peço uma casa, um carro ou dinheiro. Se voltarmos às nossas raízes, ao âmago de quem fomos outrora, aos nossos instintos mais básicos, saberemos que a resolução para estes tempos está no altruísmo que possuímos. Se partilharmos, seremos menos os desfavorecidos. Se sorrirmos, serão menos os deprimidos. Se auxiliarmos, serão menos os incapacitados. Se dermos, será menor a necessidade. Se olharmos para o lado, serão menos os solitários. Se perdoarmos, serão menos os julgados. Se lutarmos, serão menos os oprimidos. Se nos unirmos, seremos mais. Se mantivermos o otimismo, seremos fortes. Se operarmos a mudança, seremos imortais. Se formos criativos, seremos mais dotados. Se amarmos, certamente seremos retribuídos.
Correndo o risco de, por superstição, aqueles desejos não se concretizem pela exposição de que foram alvo, ainda assim partilho-os aqui, para todos os que quiserem copiar. Porque são desejos meus, mas universais, que não se desgastam ou terminam e inevitavelmente, tornam um mundo cinzento num lugar mais belo e propício a habitar.



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