Sentar-me em serenidade na beira da varanda
e olhar a paisagem com noção de infinito. Deixo de perceber a profundidade e a
visão lateral e olho apenas sem destino, para o infinito que se impõe na linha
que divide o etéreo e o marítimo. Olho, porque me recuso a pensar, mas
embrenhada nesta tarefa infrutífera, não deixo de sentir. Sinto a agonia que em
mim se abate, a noção de que caminhamos, mas estamos inevitavelmente sós, a noção de que lutamos, mas sempre,
corpo a corpo, a ideia de que caímos e que nos erguemos sobre os nossos
próprios joelhos e a inevitabilidade das lágrimas que escorrem pelo rosto e
que, invariavelmente, nós próprios limpamos com uma manga já rasgada pelo
percurso. Fica agora a certeza que, quando enfrentamos o verdadeiro abismo,
poucos são os que se arriscam a cair connosco, e são muito parcas as mãos que
nos agarram. Nunca, mas nunca estivemos tão sós… E entre mim e esse infinito que vislumbro, o vazio...e a necessidade de continuar o caminho.
Sem comentários:
Enviar um comentário