quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Em ato de contemplação

Faz frio... e, enquanto vejo o bafo exalar da boca, ouço a conversa que tenho comigo mesma. Há muito que já não falava comigo, para dentro, em voz baixa ou em surdina com a minha mente ou com a alma que trago. Estamos sós, ouve-se o ranger das palavras e o ruído dos pensamentos que não contemos. Já não te via há muito tempo e, desde da última vez que te falei, as respostas eram diferentes. Altercavas por demais, ó alma, agora sossegaste, quase passaste de espírito a gente, como se a vida te amestrasse, que nem leão amarrado nessa jaula que não te deixa sair para lá do espaço cercano, cárcere onde, enfim, todas as essências como a tua acabam fechadas. Escapa-se uma, de quando em vez, e toma a pessoa que a transporta, mas é raro que tal aconteça. Guardam esses ânimos cães de três cabeças… Coisas assim não podem sair à rua, é essencial que se calem, lá dentro das pessoas que as trazem. Não te cales portanto, ó alma, não deixes que eu própria te asfixie de vez… 




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