Paciente, como se aguardando um sinal. Expectante, com os
sonhos em rascunho e os planos penhorados numa loja de esquina. Sentada, diante
de espaço nenhum, vendo gente sem rosto ou de cara esborratada a passar naquele
passeio cinzento, enquanto ocupo o tempo com listas de afazeres, listas de
compras e listas de utopias. Já quase nem me sobra papel, e já a ponta dos
dedos roça, a par do bico diminuto do lápis, na folha amarrotado que recolhi
do chão. Escrevo, correspondo com os
meus pensamentos em correio rápido, enquanto, sentada, observo a correria dos
que já deixaram de pensar ou de escrever ou até de sonhar e que seguem agora em
maquinismo repetitivo e caótico o trilho já traçado nas ruas por onde iam
passando. Aproveitaram o fio que a Ariadne deixou para trás e incorrem, numa
desordem incompreensível, nas suas batotas pessoais. Já conclui o meu
repositório de ideias e de soluções, já alcancei o lugar que estava determinado
e nada mais me resta do que aguardar que o destino me alcance nesta rua… não
tinha data marcada, mas sei que há-de chegar.
Imagem: http://browse.deviantart.com/?order=9&q=chaos&offset=0#/d1xtpoo
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