terça-feira, 26 de junho de 2012

Subterfúgio


Quisera eu ficar estática, vislumbrar o movimento do mundo que, apesar de todos os sulcos e lombas, não se cansa de rodar. Passarem por mim as imagens rarefeitas desse tempo dessincronizado do meu, esse estático, inerte, límbico… Imagens translúcidas, em jeito de desaparecimento, porque cada vez mais este meu refúgio se transforma no mundo que quero habitar e o outro, que vejo ao longe, a realidade paralela. Reparei que as sombras são cegas, não me vêm nem se vêm umas às outras. Tropeçam, cruzam-se nos caminhos e só sentem o bafo de quem se aproxima. E eu aqui… na fronteira que me separara deles e do fio ténue que me afasta da loucura… vou ficando por aqui, neste trilho estreito, movimento-me pé ante pé, talvez ninguém dê por mim, guardando o silêncio que os gritos abafados interrompem. Tapo os ouvidos, debruço-me sobre o meu próprio corpo e aguardo… aguardo que o silêncio não me fira e que encontre nele, enfim, a comodidade que tantas vezes ele e a indiferença que arrasta não trazem.


2 comentários:

Filipa disse...

Que texto imenso...

Medeia disse...

Obrigada por esse teu comentário Filipa e, por tal avanço, me levares a conhecer o teu tão encantador espaço, com tantas lições... voltarei lá também muitas vezes :)