Olho adiante... um caminho onde vigoram ervas daninhas, urtigas repletas de espinhos, dispostas a magoarem-me à minha passagem. Não me resta outro caminho a tomar... percorro o trilho e acaricío levemente as ervas agitadas por leve brisa... Sustentam-me ainda, com força inigualável, embora insuficiente para carregar o peso que trago. Quero continuar, faço-o sozinha, porque não há quem me queira agarrar. Quantas as almas que ficaram para trás? Quantos corpos sedentos do meu carinho desprezei? Muitas cairam à minha passagem indiferente e agora, que quem agarrei com forças desmezuradas, me larga as mãos friamente, é que sinto falta daquelas almas, daquele intimismo, daquela carícia que deixei para trás. Sinto falta das vozes dos que me amavam de qualquer forma, dos que ansiavam a minha presença, dos que partilhavam sorrisos e mos retribuiam... sinto a falta de abraço forte depois de um choro... sinto a falta de confortar e ser confortada...
Quero voltar a ter presente os que queriam a minha amizade, os que me defendiam de titãs ferozes, de todos aqueles que possa ter desvalorizado e que ainda assim, não me retiraram o valor que tinha... Agora que traço o trilho sozinha, vi o quanto deixei para trás e o quanto anseio reencontrar o toque das vossas mãos... Agora que a humanidade me mostrou que a amizade é a mais nobre das relações, mas perde, nos dias que hoje correm, todos os valores que os antigos lhe impugnaram. Que as relações humanas não passam além de meras necessidades especiais e que se desvanecem à força de um piscar de olhos. Agora que olho e vejo quanta mágoa podemos provocar e que essa mágoa retorna a nós quando menos esperamos... Que o destino se encarrega, à sua maneira, de retribuir tudo o de bom e de mau... eu, que extingui tantos à minha passagem, que descurei da amizade que muitos me ofereciam em troca da minha simples presença... Sinto agora o rio retornar, transportando, porventura, toda a mágoa que infligi. Embora sozinha, tomo-me de esperança de encontrar pessoas que valham a pena, como as que deixei para trás, num mundo que nos tornou alienados e insensíveis às emoções dos outros, que estão mesmo ao nosso lado. Aprendi, à força, que, por vezes, é mais que necessário volver o pescoço, baixar o tronco se necessário, para sustentar aqueles que, por vezes no nosso caminho tombam... Aprendi que não custa retribuir, aprendi que cada pessoa que se cruza connosco deve ser valorizada por tudo o que ela é, porque cada um de nós tem uma essência que nos torna verdadeiramente especiais... cabe-nos a nós, dar a mão a todos, valorizar cada pessoa, por mais insignificante que nos pareça, cabe-nos a nós, tornar as pessoas especiais, fazê-las importantes ao nosso olhar vazio. Cabe-nos, a todos nós, repensar na vida que temos levado, nos valores que temos tomado como ideais e retomar o verdadeiro sentido das nossas vivências, e principalmente, das pessoas que têm pé assente nelas e que, nem sempre, são devidamente valorizadas... A todos que já percorreram o trilho comigo, que me deram a mão e que intervieram nas minhas vivências, obrigada...
Uma musiquinha e o vídeo bonitos:)
Tragedy - Brandi Carlile
Sorry I'm only
Human you know me
Grown up oh no guess again
My days always
Dry up and blow away
Sometimes I could do that too
But make no mistake that
When you need a friend
You could count on anyone
But you know I'll defend
The tragedy that we knew as
The end
Progress, changing
Growing then giving up
Somehow we're never quite prepared
But I understand it
When you need a friend
You could count on anyone
But you know I'll defend
The tragedy that we knew as
The end
So taking you with me would be like
Taking all your money to the grave
It does no good to anyone especially
The one you're trying to save
But it's so hard not to save
When you need a friend
You could count on anyone
But you know I'll defend
The tragedy that we knew as
The end
Sem comentários:
Enviar um comentário