Coloco-te, não raras vezes, num pedestal, que se ergue bem alto na minha consideração...
Contemplo-te, admiro-te, chego a desejar equiparar-me a ti, em toda a tua essência! Sorris-me então e não evito aquele ardor que fulmina o meu peito, iluminando os meus olhos... Tento agora alcançar-te, tu, que insistes em subir cada vez mais alto no pedestal onde assentaste pé.
Grande é o meu esforço, nula a tua reacção...
Olhas-me cada vez com maior despeito e nem sei mais se deva continuar a subida... contemplo-te novamente! Entoo aquele canto que outrora fora teu e nem reages! Toco-te na extremidade do teu corpo rígido... e não me sentes!
O desânimo que se apodera de mim, faz-me então recuar... sigo aquele trilho que fizemos juntos e deixaste para trás e, de quando em vez, a esperança de te ver no meu alcance, força-me a olhar para a retaguarda, para o local onde te deixei vencer! Impávido permaneces, uma atararaxia tomou-te e cegou-te das minhas verdadeiras intenções, desististe de mim, amigo que julgara fiel...
Traço novo trilho, com a ponta dos meus pés, por entre as ervas inquietadas pelo vento... mas não desisti de ti, quantas vezes olho de soslaio, esperando encontrar-te... Mas já me afastei demais e tu subiste aos etéreos céus sem um olhar sobranceiro... há ainda esperança para nós?
A dúvida acompanha-me ao longo de todo o caminho, não deixando que me abstenha de ti, mas outros me foram tomando as mãos deambulantes pelo itinerário que já trilhei... (lembro-me de ti...), abraços ferverosos me tomaram de carinhos... (lembro-me de ti...) olhares zelosos cuidaram de mim... (não consigo esquecer-me de ti...) mas perdi-te, ou não, meu velho amigo?
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