quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Uma Janela Virada para o mundo (27/05/2008)

É no tédio das minhas tardes de trabalho, que vislumbro a janela que tenho virada para o mundo. Um mundo de coincidências, de factos, de sucessões, de realidades que coexistem paralelamente a esta minha.
Gosto de ver o mundo, do alto deste meu pedestal, que a cidade ergueu sumptuosamente para mim. Gosto de vislumbrar este pequeno mundo aqui do meu alto parapeito. Agrada-me ver a fúria das pessoas em correria imensa, gosto de observar e unir-me em compassividade, com os casais que timidamente partilham carinhos num eterno banco de jardim. Atónita observo os automatismo de toda uma cidade que deixou de ser povoada por gentes, mas agora por robôts, que correm ao ritmo das suas próprias angústias. Olho com prazer, para aqueles que não se deixaram tocar pelos maquinismos e pelas rotinas corriqueiras e insitem em dar dois dedos de conversa despreocupada. Fito as gentes do costume... o calmo senhor do quiosque, o porteiro sorridente, os vendedores soturnos e apressados... Toda o reboliço de uma cidade aos meus pés, e eu inerte, obsrevando-a... faz-me sentir calma, neste meu etéreo posto, faz-me sentir diferente, igual a muitos outros, mas diferente destas gentes que se acotovelam em busca de tudo que eu já tenho à partida... um mundo a meus pés.



"Mulher à Janela" - Salvador Dali

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