segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Binómio da morte

Entrei naquela porta, esfreguei quantas vezes pude os olhos perante visão tão aterradora: três mulheres fiando a vida dos Homens. Congratulam-se com a ideia de que podem construir e destruir a vida humana como um castelo de cartas. As gargalhadas que ecoam abafam os choros vindos do fuso... Ao longo daquela linha que teciam, ouve-se um rumor inebriante de vozes que se misturam e tecem a felicidade, o sofrimento, a esperança que laçam o fio que para cada um é construído e que marca todos os aqueles que nele se entrelaçam... mas quando a menos se espera, aquela que segura a tesoura corta aquele fio que julgara tão curto entoa... "chegaste cedo mortal...?!"

Imersa num mar de gente, olha de soslaio a cada passo incerto que dá... Pergunta, na dúvida que alguém lhe responderá de volta, pelos rostos que havia perdido no meio do rumor. Do nada, tanto eram muitos, como perdidos na multidão, passaram a ser poucos, imersos num bando de gente sem cara. Mudos, resguardados no silêncio que os tomou, grita pelos nomes que já nem mesmo se recorda como se pronunciam e nem um silêncio apaziguador recebe de volta... Tenta reconhecer algum rosto... mas já não consegue arrancá-los da sua memória... largou as mãos que em força tentara conservar e não sabe mais como retoma-las... Perdeu-as? Roubou-as o destino?


À medida que o tempo passa, que as contingências da vida adulta nos levam à exaustão inadiável, os amigos que vão permanecendo, são aqueles que, invariavelmente, nos querem bem. Acomodamo-nos à segurança de amizades tão maduras, que descuramos e tomamos por garantida a presença deste entes queridos. A verdade é que, não tarda, as tristes Parcas nos pregam uma partida e quase nos arrebatam, dos nossos caminhos, aqueles que mais prezamos. Num ápice, em razão de segundos, aquela presença que tomámos por garantida, desvanece, torna-se viva apenas na nossa memória e nada podemos fazer para recuperar os momentos que por algum cansaço ou azáfama, se perderam... Por isso, na iminência de perder alguém, afirmo: valorizem cada momento e cada pessoa que ocupe um espaço especial nos vossos corações, e valorizem cada um desses instantes como se do último se tratasse... nunca se sabe se não haverá amanhã... Ainda bem que hoje, esse amanhã existe para ti, para nós...



Salvador Dali - O cavaleiro da Morte (http://www.mestresdapintura.com.br/loja/cavaleiro-da-mortesalvador-dali-p-2356.html?osCsid=2067b4106291ba9a2d3d9a9b70c2d001)

Ao Pedro...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Ajudem-se mutuamente

Ajudem-se uns aos outros! Neste mundo de atropelos, de luta pelos seus objectivos individuais, aquela afirmação parece ser mais absurda e simultaneamente urgente... De que vale pautar a vida pelos seus próprios objectivos, quando não há ninguém a aplaudir-nos na primeira fila?