terça-feira, 23 de março de 2010

E quando...

...o dia nasce cinzento e por mais que o tentemos colorir, as cores são pálidas demais para conseguirmos afastar as nuvens que insistiram em tapar o sol?

- Pedimos que logo, logo chegue a amiga lua e nos transporte para lá dos sonhos, onde pintamos a tela à nossa maneira. E nestes dias podemos pelo menos ficar gratos por três sorrisos bem rasgados que dissolvem toda a mesquinhez, todo o espírito desumano, toda a falta de companheirismo que diariamente nos atacam...

segunda-feira, 15 de março de 2010

A brecha da parede

Ia agora roubar as chaves que te trancaram o coração e nem sei por onde começar a procurá-las. Da última vez que as peguei, tinha-las colocado no lugar que combinámos, debaixo do tapete da entrada para a tua alma e nem a lua, que era nossa cúmplice, sabe mais onde a escondeste. Procurei no caminho que traçaste com a mente e perdi-me nos mapas que desenhaste. Olhei o horizonte e entrei em morada incerta, naquele local escuro que decidiste esconder de mim… amedrontada, pé ante pé, analisei aquele pavimento e as brechas do chão e das paredes que te consumiam… encontrei a chave, não a escondeste afinal, sempre esteve aqui, na morada que escondeste de mim. Agora que passei por aquela porta pesada e que presa à maçaneta enferrujada reflicto… sei que juntos podemos arrumar este cantinho, mantê-lo confortável e pendurar lá as chaves, para que todos os que anseiam, possam visitar o coração que encerras no peito.


domingo, 7 de março de 2010

Quando a vida não nos passa ao lado

Tal é a azáfama, caos e ansiedade que enfrentamos nos dias que correm, que muitas vezes a vida nos passa ao lado... faz-nos recordar o comboio que passou no apeadeiro apressado para a gare seguinte. Escapam-nos segundos, minutos, horas desta vida que dizem ser tão curta e efémera e por vezes estamos tão exaustos e centrados em nós mesmos que decidimos não espremer o que o suco que o dia nos podia ainda ofertar. Na consciência de que estava repetitivamente a cometer estes erros, aceitei o convite de uma grande amiga: "anda ver o "Noiserv" no auditório do Teatro Popular de Espinho!" E assim foi, tirei o namorado com mobilidade reduzida de casa, e depois de um cachorro e cheescake lambareiro em muito boa companhia, foi hora de música.

Foi uma das experiências mais tranquilizantes e libertadoras dos últimos tempos que não têm sido fáceis. O Projecto Noiserv, encabeçado por David Santos assenta numa musicalidade muito primitiva e simultâneamente celeste, a música, por si só, transporta-nos a um imaginário muito específico e quando acompanhada de ilustração em tempo real, ainda mais especial esta experiência. Fica aqui um testemunho e ainda umas fotos recambolescas tiradas com o telemóvel.