terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O emprego ideal

Não há escola ideal, não há pessoas perfeitas nem destinos utópicos, mas nesta vida meio cor-de-rosa assombrada de cinzento, de quando em vez, é sempre reconfortante saber que, pelo menos, há um emprego para o qual nascemos e depois dos meus instintos me terem dito que não à proposta anterior, estou na educação especial, a fazer o que gosto a adaptar tudo desde estratégias, actividades, objectivos às necessidades de cada um daqueles pequenotes com quem tenho o prazer de partilhar o espaço e o curto tempo que nos une.

Afinal Susana, tinhas razão: "quem espera sempre alcança."

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Educação

Liguei à escola e, apesar de terem sido extremamente simpáticos, deram-me o conhecido sermão do: "no meu tempo também tive de fazer sacrifícios" (mesmo sabendo que esta afirmação se torna quase jogralesca, pois sabemos que muitos dos actuais professores "da mobília", estariam um ano ou uns meses em substituição ao lado de casa e no ano seguinte até já podiam escolher... quais saltimbancos dos dias de hoje)? Mas sabem que mais? Estou cansada de ser escrava desta sociedade, de fazer sacrifícios, no mínimo infrutíferos, para leccionar um mês e horários que nenhum outro professor quis dar. Eu sei que não vou encontrar o horário perfeito, nem a escola perfeita e, talvez por esse motivo, esteja tão empenhada no tempo que me sobra para ser eu, e não a professora, para ser a amiga, para ser a filha, para ser a namorada e para ser a pessoa que sempre quis ser e que, graças a Deus, tenho vindo a ser. Estou farta de ter sido a melhor aluna, brilhante a tudo e não me apetece renegar às pessoa que viram o meu valor como professora de educação especial e acreditaram em mim, por isso, não vou procurar o horário nem a escola perfeitos, mas a escola que me oferecer um horário de educação especial e que, mesmo assim, me dê tempo para ser quem eu sou. A profissão é importante, e tenho vindo a abdicar de muito pela minha carreira, mas não devemos nunca permitir que esta nos tome a própria identidade, as prioridades e as necessidades básicas e emocionais... E quem quiser, que compreenda...

Confissões (estas sim) do umbigo

Quando se é professor, para além de uma vida extenuante, é possível conhecerem-se realidades que se desconheciam até aí. Eu, por exemplo, para além de um enorme nervosismo que tento controlar, tenho ataques de pânico sempre que o telemóvel toca e tenho de me apresentar ao serviço. É difícil, para muitos de nós, termo-nos esforçado muito para alcançar a devida formação e ainda mais duro é enfrentar uma das profissões mais exigentes e simultâneamente, uma das mais subvalorizadas no País em que vivemos. Custa muito, horrores, não saber como vai ser o ano seguinte e custa mais ser contratado, a iminência do pensamento negativo, da dúvida que se impõe, apesar de tudo, seremos capazes de fazer o que nos propusemos?
Hoje fui chamada para uma oferta de escola de Português, relativamente perto, a 30km, um horário completo e misto a levar a cabo durante uma substituição temporária de um mês. Não me senti excitada, muito pelo contrário, senti medo e frustração, porque depois de uma pós-graduação tão bem sucedida e um doutoramento iminente, daria tudo para estar na Educação Especial. No entanto, gosto de ser professora de Português, sim, mas tenho medo e tentem, no vosso âmago, juntar emoções tão contraditórias e destrutivas como a paixão pela arte e o pânico, a insegurança de poder não estar à altura. Juntando a todo este turbilhão de sentimentos, um horário com espaços de 6h entre aulas, que me obrigaria, em pelo menos 3 dias da semana, a permanecer na escola cerca de 10h, dois desses dias, com aulas no horário nocturno e apenas uma tarde livre (visto que faria directas entre turnos na escola, pois a gasolina está cara para todos). E, por fim, visto que a substituição da professora faltosa não é apenas visível através do horário exaustivo, a compensação das aulas do nocturno. Se juntarmos a isto a adaptação a um mundo novo, a uma cidade nova, a alunos novos... o pânico tomou conta e não demorou muito até carregar no botão "desistir" e aqui estou eu, novamente, à espera do que há-de vir.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Friends will be friends...

A amizade é um daqueles relacionamentos que, ao longo da vida, se tornam mais importantes. Quando o amor familiar e a paixão se mostram constantes, este é o relacionamento que vamos cativando e preservando à medida que o tempo passa. Os amigos que se mantêm, apesar dos defeitos de cada um e das arduras da vida, acabam por ser parte de nós, tanto quanto a família.
Já um professor que admiro muito dizia: a amizade é um negócio, "é preciso dar e receber." E é verdade, quem não se reviu já numa amizade unilateral? Em que não medimos esforços, mas nada parece ser recíproco? Manter esse tipo de relacionamento é duro, mas com um pouco de esforço, nada se torna impossível. O mesmo professor citava, nas aulas de Literatura Portuguesa, Oscar Wilde: "Toda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada." A inveja é um dos sentimentos humanos mais comuns, tão natural como o amor e o ódio, mas controlá-la tem que ver directamente com os laços que estabelecemos com os que nos rodeiam, quando o amor supera a nossa própria necessidade de sucesso e bem-estar, sentimo-nos felizes com a felicidade dos demais. Quantas amizades não sofreram já deste mal? Jean Cocteau concorda, pois afirmou: "A felicidade de um amigo deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe." Por fim, algo que destrói muitas das nossas relações é ainda a intolerância que todos parecemos ter perante a sinceridade, com a evolução da sociedade, parece que passámos para um estado de total hipocrisia e maravilhamo-nos com aqueles que apenas nos deleitam com palavras doces. Devem ser ouvidas, estas palavras doces, mas somos humanos, somos imperfeitos, erramos, magoamos, mostramos má conduta e não devemos esperar que nunca sejamos punidos ou chamados à realidade que transformámos... não seria de esperar que os que amamos nos tomassem o braço e nos censurassem? - "Fazei amigos sempre dispostos a censurar-vos", afirmava Jean Boileau.
Os Romanos da Antiguidade diziam-se exímios na arte da preservação da amizade. Um amigo representava mais do que a própria família, seria confidente, conselheiro, participaria em todos os eventos, não se diria mal do amigo ou não se permitiria que tal se fizesse, havia um voto de lealdade e a manutenção deste negócio de que fomos falando... e é por isso, que hoje, apesar de todos os facilitismos, nunca estivemos tão sós.


Fonte da Imagem: Deviantart (Social Disaster)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

"Rai's partam...!"

Ora bem, se ao nível dos relacionamentos interpessoais e dos estudinhos as coisas correm bem, não posso dizer o mesmo do resto... Emprego, nem vê-lo (deve ser o desespero, porque concorri a OEs e ainda nem sequer estão em análise, stressada). Decidi ir para Londres e parece que pressinto que o meu avião nem sequer vai levantar voo ou, na pior das hipóteses, vou morrer congelada nas terras de el' rainha D. Isabel:)

A minha Endocrinologista decidiu "dar o giro", como se diz na gíria (que trocadilho giro) e estou com a minha tiróide doidinha. Como se não bastasse, vou ter de ir a um novo médico, contar as minhas trágicas memórias de uma experiência "beira-morte" com a Doença de Graves até uma tiróide preguiçosa que decide reter líquidos, já para não falar dos 70€ que vou desembolsar de uma só vez para pagar a consulta.

Os meus óculos partiram-se, outra vez, mas como estou a ver se me encosto à ADSE para comprar uns novos, lá foram reparados, pela 2.ª vez, com acetona (que era algo que desconhecia mas que o meu namorado faz muito bem : "Melhor que Super-cola3" - diz ele muito satisfeito).

Por fim, tenho a tecla de Caps Lock estragada, liguei à assistência técnica da Toshiba e só me substituem o teclado e não apenas uma tecla, e pelo serviço exigem-me a módica quantia de, nem mais nem menos (agora parecia mesmo o António Sala) 72€.

Depois de tudo isto e por mais fútil que pareça o pensamento, deu-me um certo alento ir-me pesar e descobrir, que apesar das guloseimas de Natal, da caldeirada, dos Doritos, da Lasanha do Continente e da Coca-cola, engordei 400g... Yupiiiiii!:) Nem tudo corre mal e eu e a minha carteira estamos a ficar proporcionalmente leves:)



Created by Charles Schulz.

Querer é poder

Já dizia o Tim, faz algum tempo, que "querer muito é poder", mas por mais que goste dos Xutos, Ó Tim, estás muito enganado rapaz! Porque eu até quero muito, não é pouco, é mesmo muito porque programo meu cérebro para pensar em coisas que quero em intervalos de 30 segundos! Não sou muito dada a religiões e peço muito! Penso, quase todos os dias, que vou conseguir e nada me pára... mas só se o sucesso não for muito imediato... que eu, que até nem gosto de uvas passas, engoli as doze num ápice na passagem do ano e contei os desejos pelos dedos para não me enganar... mas já lá vai uma semana e começo a ficar aborrecida:) hihi Mas não se pode ter tudo e há mesmo presentes maiores... E o ano já começou com uma reconciliação, o que é um óptimo augúrio... :)

domingo, 3 de janeiro de 2010

Where the wild things are

Por artes mágicas, já vi este filme. Embora muitas críticas que pude ler na Internet afirmem que é um autêntico atentado ao livro que está na origem do seu argumento, como não o li, julgo que a minha opinião será um pouco pura. E, apesar de um pouco monótono em algumas partes, este filme é, no mínimo, ternurento. Fez-me recuar ao imaginário dos verdadeiros filmes infantis, os de "antigamente", recheados de carga emocional. Bem, eu gostei muito e puxou a lagriminha do costume:) Para todos os que ainda têm "um ser pequenino" dentro de si, aconselho.
Fica o trailler acompanhado de uma música bem adequada à temática: "Wake up", dos Arcade Fire.


"Imagine"

Este vídeo foi enviado para o email comum da minha turminha da Especialização em Educação Especial (e não podia ser mais adequado) e acho que devo partilhar com os poucos que ainda me vão lendo:) A música não requer apresentações, é o hino à fraternidade de John Lennon e, para mim, uma das músicas mais envolventes e enternecedoras de sempre - "Imagine". O coro composto por surdos (ou até alguns actores a interpretarem surdos, não sei) e pelo cast da série Glee que eu sigo na Fox life e que também aconselho.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Ano novo...

Passado o primeiro dia do ano, agora que o silêncio da noite me deixa ouvir os meus pensamentos ecoarem, reflicto, nostálgica, no ano que passou, nas vivências que deixei para trás. Tantos os sonhos que pedimos num ímpeto só, à efémera contagem das doze badaladas, por superstição, não vá o diabo tecê-las e numa razão irracional de segundos, uma qualquer divindade ou seja lá quem nos comanda o destino, ouve os desejos secretos de milhões de nós... prefiro julgar que é isso que acontece, que vai apontando um a um os nossos desejos. Pena que, dado o excesso de informação, nem todos os desejos se cumpram... ficam para trás, ano a pós ano, os sonhos que não nos são oferecidos pela Parca cansada que tece o nosso destino, ou que simplesmente são adiados uma vez mais, porque vivemos numa roda viva e a vida sofre mutações indefinidamente e que não podemos controlar. Recordo o ano de 2009 como um ano rico em sonhos, em expectativas e em concretizações. Um ano de realização profissional, um ano de reconhecimento do nosso valor, o ano em que permanecemos apaixonados, uma vez mais, o ano de desilusões... O ano em que sorri a amigos que julgava não voltar a rever. E apesar do cansaço da viagem, um ano tão feliz que, ao entrar em 2010, consigo ainda ouvir os ecos e rever os sorrisos que foram marcando o caminho de um ano difícil, em que mal houve tempo para respirar, mas que, mesmo sem fôlego, nos fez muito felizes. A todos, um 2010 repleto de sonhos e de concretizações.

Fica uma musiquinha de que gosto... enjoy:)