sexta-feira, 30 de abril de 2010

Greve dos Transportes

Sempre que se mexe no quotidiano dos trabalhadores em geral, gera-se o caos... A greve dos transportes não foi excepção. Nestes últimos dias, sempre que saía de casa, mais do que atempadamente para não encontrar muitos "chico-espertos" transgressores de regras, que apesar de não existirem escritas em lado nenhum, acredito que existem e teimo em impô-las, porque me irrita profundamente o sono matinal, gente que sobe ao viaduto da A44 e torna a entrar na auto-estrada e se julga digno de o fazer sem ceder passagem.
Mas, adiante, esta semana (olvidada da questão dos transportes), saía de casa e pensava: "Xiii, tantos carros na rua! Julguei que só ia para o trabalho a esta hora gente masoquista!" Mas lá seguia a minha viagem, até que via carros em desordem total, gente que dava piscas para um lado e virava para o outro, carros que me apareciam caídos do céu certamente, gente desgrenhada em frente ao volante como se não fosse normal este hábito madrugador, crentes que "comem" literalmente duas vias de trânsito, um homem que deixa o carro "ir abaixo" na auto-estrada, e um outro que faz o mesmo num total de 4 vezes ao estacionar o carro num lugar onde seguramente cabiam dois carros... vá, dois e meio. Pensei cá para comigo: "Xiiiiii, parece Domingo!" E depois de uma breve epifania (Ei, greve dos transportes) e de um soligismo sofocliano:

Gente que não sabe andar de carro anda de transportes públicos
Há greve nos transportes públicos
Logo os aselhas saem à rua...

Explicado o mistério, continuei as minhas viagens diárias tentando escapar ao maior número de mulheres entaladas no volante, homens desgrenhados, carros a 50km/h e condutores com problemas de orientação espacial e lateralidade, que insistem em ocupar duas faixas no meio da indecisão.
E no meio de todo este caos, pensar positivo é lembrarmo-nos que, apesar de tudo, não vi carros virados do avesso.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Singularidades de uma rapariga Morena:)

Sei que já é tarde para as resoluções de ano novo, mas, como já diz o povo: "mais vale tarde que nunca". Com base neste preceito, achei que não seria tarde demais para ler... sim, adoro ler e tenho uma prateleira de livros com os quais me vou comprometendo, mas nunca lei. Folheio, leio as primeiras páginas, mas nunca chego ao fim... foi o que aconteceu ao "Ano da Morte de Ricardo Reis", à "Cidade e as Serras", etc.
Fala-se na necessidade da leitura, mas o tempo que urge, o cansaço que abala a vida diária e que tenho a certeza que nos toca a todos, por vezes não nos permite o afago e o ócio da leitura de um bom livro, por isso, tomei esta resolução: acordar cedinho, vir para a escola e, enquanto tomo o meu cafezinho, leio um pedaço de livro:) Qual foi o eleito? Os "Contos", de Eça de Queirós e claro que comecei com "Singularidades de uma rapariga loira".
Esta necessidade surgiu na sequência de uma formação de leitura a que assisti no passado Sábado e nesse mesma, recordei-me de um poema fantástico que aproveito para partilhar... nunca se sabe se o bichinho da leitura pega:)


Falta um combate ainda o decisivo.
Ganhei quantos perdi, porque resisto.
Mesmo cansado e mutilado, existo,
Num vitalismo cósmico ostensivo.

Filho da Terra, minha mãe amada,
É ela que levanta o lutador caído.
Anteu anão,
Toco-lhe o coração,
E ergo-me do chão
Fortalecido.

Mas há fúrias hercúleas contra mim:
O tempo, a morte, e o próprio desencanto
De viver ...
Pode, porém, ainda acontecer
Que, mesmo nessa hora, a consciência
Negue, de frente, a própria violência
Que me vencer ...

Miguel Torga
Câmara Ardente

terça-feira, 20 de abril de 2010

Porquê o silêncio...?

Porque o silêncio é sempre melhor... porque o silêncio não nos agride, não nos relembra, não nos repreende, não nos acusa, não nos toma o tempo em gritarias... porque é mudo... o silêncio. Porque o silêncio nos cinge o pensamento e no silêncio e no espaço que nos afasta, temos tudo o que precisamos para ser gente inconsciente. Porque no silêncio e no afastamento que nos toma, as palavras não são necessárias e as contingências que nos obrigariam a ser cordiais se desvanecem, colocando-nos num ponto bem baixo nas nossas expectativas. Porque o silêncio afasta a claridade, afasta o som das gargalhadas, o tumulto da nossa impaciência e torna as emoções ambivalentes, existem, afirmamos possuí-las, trasnportamo-las bem dentro do nosso coração (dizemos)... mas não sabemos demonstrá-las...(não sei bem onde as guardei) porque num silêncio que não é apaziguador, as amizades não se falam... e na indiferença de um olhar, não há laço que resista incólume...

terça-feira, 13 de abril de 2010

A essência da verdadeira felicidade

À medida que o tempo por nós passa, não cresce apenas a idade, mas a plena consciência de que a vida é feita de altos e de baixos e de que essa oscilação é que nos torna verdadeiramente felizes. E porque só há pouco soube o que a verdadeira felicidade é, decidi partilhar:

Não é conseguir melhor do que os outros, mas conseguir o melhor que pudermos;

Não é ter mais que os outros, é ter o que é suficiente para nos sentirmos bem connosco;

Não é ter a aprovação dos outros, mas sim a nossa própria aprovação;

Não é sermos valorizados pelo que fazemos, mas pelo que somos;

Não é ser amado por todos, mas por aqueles que significam tanto para nós;

Não é ser lembrado por aqueles com quem estamos sempre, mas por aqueles que raramente são brindados pela nossa presença e ainda assim, não a esquecem;

É ser-se amado por aquilo que verdadeiramente se é;

É ser-se plenamente feliz com o que se tem, por menos que isso signifique... porque muitos há que vivem na abundância e não sabem saborear a verdadeira essência da felicidade. E essa essência reside, por vezes, na simplicidade de um sorriso.


Charles Schulz (1922-2000)