terça-feira, 22 de novembro de 2011

Rotos e esfarrapados


Todos rotos e esfarrapados por dentro que nós estamos.
Já nos olhamos sem reconhecer o mérito que nos distinguia ou sem saber que qualidades transportamos, porque num mundo de gente que não sente, que não olha para o lado e que não estende a mão, os conceitos de defeito e de virtude imergiram e não se conhecem mais as suas diferenças.
Valores, só os que transportamos, os que podemos contornar com a ponta dos dedos, e quanto maior e lavrado for o artefacto, maiores serão as atenções que sobre eles recaem. E assim confundem os humanos com o ter, o haver, o ser e o existir. Virtudes, nem as reconhecemos mais, ocupamos todo o espaço anarquicamente dirigido por nós, com os nossos egos desmedidos, não interessa que o limite de um ultrapasse o limite do outro, porque até essas fronteiras se diluíram em razão do estado de submersão em que vivemos. Num mundo assim, existimos até onde não existir mais nenhum pedaço de mim e não até onde o outro coexiste comigo.
Deambulamos, sem qualquer motivo, razão ou motivação, empenhando as esculturas que nos dedicaram e mostrando o ego que cresce desmesuradamente enquanto nos vamos transformando em narcisos mutados, como que num decadente desfile de excentricidades participássemos. Misturamo-nos arabicamente lutando cada um e por si só e apenas por aquele lugar debaixo do foco. Para lá permanecer numa porção irrisória de segundos apenas, porque num mundo em que nada se esconde, à inveja nenhum escapa.
Penhoramos os nossos valores às aparências, hipotecamos as virtudes reais e os nossos dons às banalidades e agora, que é chegada a hora de pagarmos a conta, caímos nesse espaço vazio, que nem trapezistas sem rede. Os que não se mantiveram neste fervoroso egocentrismo, reduziram-se até eles mesmos, e numa sociedade em que cada um é tão grande quanto mostra, ficamos pequenos, cansados, aniquilados… quase em pó… não chegamos para os gigantes que cresceram, enormes por fora e ocos por dentro. À primeira bafejada caem e partem-se que nem loiça chinesa, para chegarem à conclusão que não eram metade do que julgavam e subiram a um patamar mais elevado do que as suas pernas alguma vez o permitiriam ou escada qualquer poderia suportar.
Porque irremediavelmente nos passeamos numa feira de vaidades, em que o mais vaidoso é o vencedor, aparentamos ser primorosos, mas não somos nada mais que rotos e esfarrapados, raivosos e esfaimados, por dentro, ávidos do nosso próprio proveito, mesmo que este não venha de nada, de coisa alguma, de um bocado de ar ou de um simples soluço que deixamos escapar…Uma vez partidos e quebrados, de egos defeitos e de aparências arrastadas por esse chão arenoso, não nos resta nada a não ser o vazio que nos foi enchendo de ar. Os que eram pequenos, são grandes agora, cansados, débeis e espezinhados, mas cheios por dentro, desde o triz mais fino até à protuberância mais percetível das suas almas...

Foto: 
http://browse.deviantart.com/?q=ragged&order=9&offset=72#/d3fenvy



Mythic Sounds V

Há dias em que as letras deste senhor fazem todo o sentido e as melodias parecem as bandas sonoras originais das nossas almas...



This empty room it fills my mind
Freedom it leaves me so confined
Every single bone has cracked
what in this life, you can't turn back

I don't want to live
I don't want to live here alone, alone

as these words part with my tounge
I question why they even sung
I promise but I lie
I don't even know myself inside

I don't wanna be
I don't wanna be here alone, alone

Today and tommorow have become one
Every single thing has become undone
Human nature is a beast
What ive done the most, to show i have the least

Please don't leave me here
Please don't leave me here
Don't you leave me alone, alone

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

As persianas da alma


Naquela rua vazia e soturna, fecham-se as persianas das almas, com gente lá dentro. Aprisionam-se dentro de si mesmas, sem que entre sequer um raio de luz, uma palavra isolada, um silêncio enternecedor, ou um ruído gritante. Fecharam-se as portadas das almas das gentes daquele mundo sombrio que começo a conhecer. Agrilhoaram-se os portões intemporalmente, trancaram-se as portas eternamente, serraram-se janelas apenas com espaços suficientes para adivinhar o rumor de quem passa. Acelero o passo até casa, arrebata-me a ansiedade do que desconheço e do que me possa roubar a integridade que me tornou indivíduo. Chego a casa, tranco as portas, engulo a chave, fecho as persianas e deixo a portada da janela do quarto semiaberta, para deixar entrar a luz, para estar atento ao que passa e para que, neste espaço alheado, não me aliene eu também…



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Apoio a crianças e jovens com NEE e Explicações

Professora com vasta experiência no trabalho com crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 16 anos e com adolescentes com Necessidades Educativas Especiais no domínio das deficiências mentais, motoras, visuais, neuro-comportamentais e dificuldades de aprendizagem oferece-se para apoio educativo naquelas áreas.
Trabalho com musicoterapia, terapias de relaxamento para perturbações comportamentais. Atividades de reeducação na Dislexia, de treino das competências específicas, apoio académico e atividades de vida diária.
Dou ainda explicações de Português a todos os níveis e de outras áreas estruturantes do ensino como História, Geografia, Inglês, Filosofia, etc. Apoio ao estudo e à realização de trabalhos de casa.
Faço domicílios na área de Vila Nova de Gaia ou atendo em casa, em Arcozelo, onde disponho de mais material pedagógico.

CONTACTO: Andreia Rocha (919142432)
andreia_xp@hotmail.com

Mythic sounds IV

Os rostos do Não

Saio por aí… Procuro em gente sem rosto, a valorização consentida daqueles que me desconhecem, que não me querem conhecer e que fingem, de forma visível, não me querer ver.
Somos aqueles que andam perdidos pelo meio de uma multidão com rosto de não, tentando ultrapassar o caos até à morada mais próxima dos nossos corações. Mentes conturbadas pelas intermitências dos lugares que mal chegamos a olhar, relances da memória, registos voláteis daquilo por que passamos na busca de um assentimento. Já nem me recordo por onde andei ontem, nem que céus se ergueram sobre mim. Os chãos que piso são sempre os mesmos e os rostos de negação não se alteram. Sou cópia de um outro, a sombra transfigurada daquela que outrora começou esta busca. Olho o chão, os passos lentos que se estendem em lamuria no solo lamacento, deixando para trás marcas, neste labirinto, para que possa talvez regressar... Os momentos são já memórias e o presente é tão volátil quanto o passado que fui deixando para trás e incerto como o futuro que nem sei mais se existirá… porque, hoje, estou presa a um presente estanque, dado a repetições bulímicas e a semblantes copiados, os rostos que se retomam e que não nos deixam avançar, que nos empurram, não nos permitindo escapar deste momento que não acaba até que se inicie novamente, em movimentos cíclicos, iguais aos das nossas pernas cansadas e ao movimento do relógio que todos os dias, não mais nos oferece, do que as mesmas horas... esses rostos que nos travam e que nos agrilhoam às pedras cinzentas deste chão... os rostos do não...

domingo, 6 de novembro de 2011

Mythic Movies I

Não sei bem porquê, mas parece-me que este vai ser um filme que vou gostar de ver. Rompe com os paradigmas dos filmes que se debruçam sobre a problemática do cancro. Para lá dos dramas, tenho a certeza que há mais, na vida de uma pessoa que combate essa patologia, portanto, para mim, uma versão até mais realista deste cenário. Fico a aguardar... 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mythic Sounds III

Talvez seja a sensação catártica de ter suplantado um problema e a nostalgia de ainda sentir as emoções à flor desta pele de galinha, mas a música realmente tem um efeito holístico em mim. Não é em vão que é cognominada de arte do inefável. E não quero deixar de partilhar uma sonoridade que tem esse mesmo efeito transcendental sobre mim... espero que tenha o mesmo em vós... :)  Enjoy