terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mythic Sounds VIII

Acho que esta já a tinha por aqui, se não, ainda melhor. A verdade é que me pareceu tão adequada ao post anterior. Acho que até poderia ser o mais atual hino ao êxodo docente :) Pelo menos a primeira parte :)



Elephant Gun lyrics
Songwriters: Condon, Zachary;

If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die
We drink tonight

Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found
It's not around

Let the seasons begin
It rolls right on
Let the seasons begin
Take the big king down
[From: http://www.elyrics.net/read/b/beirut-lyrics/elephant-gun-lyrics.html]

Let the seasons begin
It rolls right on
Let the seasons begin
Take the big king down

And it rips through the silence
Of our camp at night
And it rips through the night
[Incomprehensible]

And it rips through the silence
Of our camp at night
And it rips through the silence
All that is left is all that I hide

As calinadas do Coelho


Assistia eu, ontem à tarde, ao programa “Eixo do mal”, quando, mesmo antes do genérico, os nossos caros convivas passam o mediático vídeo do nosso Primeiro Ministro a incentivar a população de professores desempregados a abandonar o país. Pronto, vamos ser sinceros, após alguns segundos de silêncio de estupefação, ainda na esperança de vir a aperceber -me de que, afinal, era uma brincadeira de mau gosto… cheguei à conclusão que não era.

Ora, acerca deste assunto, já correu muita tinta e ainda correria bastante mais da minha parte se eu, como professora na iminência de abandonar o meu país, me apetecesse dedicar o meu precioso tempo de desemprego e de Dolce Fare Niente a verdadeiras abéculas ambulantes incapazes de fazer o seu trabalho. Daria apenas um conselho bastante precioso ao Senhor Primeiro Ministro: ir rever, portanto, os estatutos das suas funções, pois parece-me um pouco confuso. Julgo que, neste momento, o Senhor Pedro Passos Coelho parece apenas uma versão falsificada do “Velho do Restelo” com um grande decréscimo no domínio da sapiência.

Se conseguirmos recuar um pouco nos tempos, podemos, sem qualquer sombra de dúvida encontrar a raiz deste problema: a má governação (onde é que já terei eu ouvido isto?). Absorvidos pela abundância de subsídios externos para a formação, não há curso que não se abra em Universidade alguma do país, independemente, ou não, das suas saídas profissionais serem poucas, nenhumas ou escassas. Toca a produzir licenciados e professores que não servem absolutamente para nada. Venham eles, se não estiverem nas escolas, farão muita falta para educar a cidadania atrás de uma caixa de um hipermercado qualquer. Mas agora que o país se encontra em igual estado de lotação numa generalidade profissões, o problema que já existia, agudizou-se  e não há culpados, a não ser as pessoas que investiram trabalho, esforço e 900€ anuais de propinas que se foram fazendo render num cofre qualquer. Portanto, um Governo que não legislou currículos de ensino superior, que não estudou as necessidades laborais de um país e que formou uma série de profissionais qualificados que estão a ficar num armazém qualquer de stocks excedentes, claro que não há-de ter solução para este problema senão a mesma que se repete ao longo da história: queimar os excedentes, ou vendê-los a preço de saldo. Ora, como já não restam muitos lugares de professores a dar aulas quase de borla, resta livrar-nos do que sobra, vamos mandá-los para o Brasil.

Tendo em conta os recentes cortes no Ensino de Português no Estrangeiro, parece-me um dos maiores absurdos linguísticos dos últimos tempos, este incentivo. Citações quase comparáveis às do nosso caro João Pinto.

Admitamos que a culpa do excedente, não só de professores, como de licenciados nas mais diversas áreas, foi de erros de má governação e de fraca fiscalização da gestão do Ensino Superior em Portugal, portanto, resta a quem fez a merda, resolvê-la. E se porventura o senhor Primeiro Ministra julga que efetivamente a solução para este problema passa pela emigração, seria um ato de extrema boa-fé e de redenção esperada, criar condições para a mesma, criar protocolos com os países, proteger os professores que para tal se disponibilizem e conferir os direitos de trabalho equivalentes aos profissionais a lecionar em território nacional. Pois, desculpem-me, mas parece-me um grande grau de ingenuidade e de ignorância, pensar que os professores que estão a emigrar para outros países sem a proteção do governo, estão a dar aulas. A maioria, senhor ministro, está na Suíça a trabalhar numa fábrica de relógios qualquer.

Outro absurdo linguístico: se a malta vai toda embora, quem vai fazer a prova de ingresso á carreira? AhAhAh E só para terminar, com o aumento das turmas no ensino básico, considero que os professores têm excedente de alunos, com base nestas afirmação, julgo que, após prova de competências, se escolham os 5 piores alunos de cada turma e que se incentive à sua emigração para fazerem asneiras num outro país qualquer, onde serão bem recebidos... tenho dito.

P.S. Melhor ainda, o Natal é quando o Coelho (da Páscoa) quiser.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Mythic Sounds VII

Tenho a certeza que nem todos serão capazes de sentir o prazer que uma boa música é capaz de despoletar em nós. Os sentidos despertam, a mente transporta-nos para qualquer outro local que pretendamos ir. Voamos, sonhamos, a pele de galinha surge e somos absolutamente quem queremos ser. A quem consegue fazê-lo, felicito e partilho...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Aspirantes a quase nada

Outro que já viu a luz do dia e já pode vir para aqui :)

Sonhar, qualidade tão própria dos humanos. Sonhamos enquanto dormimos, sonhamos enquanto acordados. É inerente à nossa própria existência e, grande parte das vezes, é culpa do nosso subconsciente que, para mal ou para bem, simplesmente não controlamos. Já o poeta entoava que o “sonho comanda a vida” e, infalivelmente, estava correto. Vivemos de projetos rompidos ou não, de planos a longo e a curto prazo, de projeções mais ou menos efémeras que, de uma forma ou de outra, nos motivam todos os dias, a enfrentar, com um sorriso, por vezes amarelado, as arduras que somos obrigados a ultrapassar.

Nos últimos tempos, muito se tem discutido acerca da cultura dos portugueses e da sua postura de hipotética passividade perante as problemáticas que se somam a cada segundo que passa. E é fácil assumirmos uma postura crítica perante algo que, no fundo, todos fazemos. Pois, evidentemente, acomodamo-nos, permanecemos em negação uma boa soma de tempo, esperando que, por qualquer arte mágica ou mera alquimia, os problemas desapareçam. E esta, meus amigos, não é uma qualidade portuguesa, mas humana e, o sonho, é invariavelmente, a manifestação mais rudimentar e ancestral dessa nossa fuga, ainda que momentânea, à realidade.
De acordo com Eduardo Lourenço, reside ainda, em nós, uma esperança, um sonho eterno de que tudo, eventualmente, se alterará um dia, que os problemas, mais tarde ou mais cedo se resolverão, que D. Sebastião ressurgirá num dia de nevoeiro e que o V Império ganhará então vida. Planos megalómanos, forças hercúleas, ideias disparatadas até, tornam-nos, não num conjunto de pessoas em devaneio, mas num povo provido de um motor interno para superar obstáculos, com melhor ou pior cara. "Nação pequena que foi maior do que os deuses em geral o permitem, Portugal precisa dessa espécie de delírio manso, desse sonho acordado que, às vezes, se assemelha ao dos videntes e, outras, à pura inconsciência, para estar à altura de si mesmo. Poucos povos serão como o nosso tão intimamente quixotescos, quer dizer, tão indistintamente Quixote e Sancho. Quando se sonharam sonhos maiores do que nós, mesmo a parte de Sancho que nos enraíza na realidade está sempre pronta a tomar os moinhos por gigantes. A nossa última aventura quixotesca tirou-nos a venda dos olhos, e a nossa imagem é hoje mais serena e mais harmoniosa que noutras épocas de desvairo o pôde ser. Mas não nos muda os sonhos" (Eduardo Lourenço)
A triste realidade com que, forçosamente nos deparamos, essa que nos torna, pela primeira vez, um dos povos mais tristes da Europa, ainda que com um sol de Inverno a bater-nos na cara, ainda com a hospitalidade das nossas casas e com a boa comida que insistimos a servir, mesmo quando pouco ou nada nos sobra já. Esta não se torna, porém, e a na minha visão um tanto imparcial, numa questão digna de crítica maliciosa, mas consiste apenas num mecanismo de defesa, de resiliência, face as dificuldades que somos obrigados a enfrentar diariamente. Se temos vindo a ser passivos? Concordo plenamente. Arrisco-me a afirmar que há, realmente uma necessidade iminente de reclamar os direitos que, com base em lutas quase intemporais, foram conquistados partindo da força, visto que a via democrática apenas se tem vindo a revelar uma forma dissimulada de ditadura onde valem mais as trocas de favores entre os que governam do que as necessidades de um povo. Mas igualmente sei e considero que não é criticando a capacidade onírica de um povo que sempre se alicerçou na sua virtude inqualificável de sonhar, que construiu um Império com base no sonho, que descobriu um Novo Mundo com base nas suas fantasias e que se rebelou com cravos na mão, que conseguiremos a união que necessitamos para efetivamente nos tornarmos quase invencíveis. E não ousem dizer-me, a mim, portuguesa nascida e criada, que isso são recordações românticas, e que, de nada nos servem na realidade atual, porque, quer queiramos, quer não, estão aquelas situações inculcadas histórica e culturalmente em cada um de nós, como se de uma marca genética se tratassem e dão-nos esta surpreendente probidade de sonharmos acordados, para além de fronteiras físicas, psicológicas e racionais, acreditando, a todos os dias que passam, que o dia de amanhã será melhor. Resta-nos apenas utilizar essa capacidade para nos tornarmos mais criativos e mais ativistas perante a realidade que, o dia de hoje, nos apresenta tão sombria. 


El Barco - Salvador Dali

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Rotos e esfarrapados


Todos rotos e esfarrapados por dentro que nós estamos.
Já nos olhamos sem reconhecer o mérito que nos distinguia ou sem saber que qualidades transportamos, porque num mundo de gente que não sente, que não olha para o lado e que não estende a mão, os conceitos de defeito e de virtude imergiram e não se conhecem mais as suas diferenças.
Valores, só os que transportamos, os que podemos contornar com a ponta dos dedos, e quanto maior e lavrado for o artefacto, maiores serão as atenções que sobre eles recaem. E assim confundem os humanos com o ter, o haver, o ser e o existir. Virtudes, nem as reconhecemos mais, ocupamos todo o espaço anarquicamente dirigido por nós, com os nossos egos desmedidos, não interessa que o limite de um ultrapasse o limite do outro, porque até essas fronteiras se diluíram em razão do estado de submersão em que vivemos. Num mundo assim, existimos até onde não existir mais nenhum pedaço de mim e não até onde o outro coexiste comigo.
Deambulamos, sem qualquer motivo, razão ou motivação, empenhando as esculturas que nos dedicaram e mostrando o ego que cresce desmesuradamente enquanto nos vamos transformando em narcisos mutados, como que num decadente desfile de excentricidades participássemos. Misturamo-nos arabicamente lutando cada um e por si só e apenas por aquele lugar debaixo do foco. Para lá permanecer numa porção irrisória de segundos apenas, porque num mundo em que nada se esconde, à inveja nenhum escapa.
Penhoramos os nossos valores às aparências, hipotecamos as virtudes reais e os nossos dons às banalidades e agora, que é chegada a hora de pagarmos a conta, caímos nesse espaço vazio, que nem trapezistas sem rede. Os que não se mantiveram neste fervoroso egocentrismo, reduziram-se até eles mesmos, e numa sociedade em que cada um é tão grande quanto mostra, ficamos pequenos, cansados, aniquilados… quase em pó… não chegamos para os gigantes que cresceram, enormes por fora e ocos por dentro. À primeira bafejada caem e partem-se que nem loiça chinesa, para chegarem à conclusão que não eram metade do que julgavam e subiram a um patamar mais elevado do que as suas pernas alguma vez o permitiriam ou escada qualquer poderia suportar.
Porque irremediavelmente nos passeamos numa feira de vaidades, em que o mais vaidoso é o vencedor, aparentamos ser primorosos, mas não somos nada mais que rotos e esfarrapados, raivosos e esfaimados, por dentro, ávidos do nosso próprio proveito, mesmo que este não venha de nada, de coisa alguma, de um bocado de ar ou de um simples soluço que deixamos escapar…Uma vez partidos e quebrados, de egos defeitos e de aparências arrastadas por esse chão arenoso, não nos resta nada a não ser o vazio que nos foi enchendo de ar. Os que eram pequenos, são grandes agora, cansados, débeis e espezinhados, mas cheios por dentro, desde o triz mais fino até à protuberância mais percetível das suas almas...

Foto: 
http://browse.deviantart.com/?q=ragged&order=9&offset=72#/d3fenvy



Mythic Sounds V

Há dias em que as letras deste senhor fazem todo o sentido e as melodias parecem as bandas sonoras originais das nossas almas...



This empty room it fills my mind
Freedom it leaves me so confined
Every single bone has cracked
what in this life, you can't turn back

I don't want to live
I don't want to live here alone, alone

as these words part with my tounge
I question why they even sung
I promise but I lie
I don't even know myself inside

I don't wanna be
I don't wanna be here alone, alone

Today and tommorow have become one
Every single thing has become undone
Human nature is a beast
What ive done the most, to show i have the least

Please don't leave me here
Please don't leave me here
Don't you leave me alone, alone

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

As persianas da alma


Naquela rua vazia e soturna, fecham-se as persianas das almas, com gente lá dentro. Aprisionam-se dentro de si mesmas, sem que entre sequer um raio de luz, uma palavra isolada, um silêncio enternecedor, ou um ruído gritante. Fecharam-se as portadas das almas das gentes daquele mundo sombrio que começo a conhecer. Agrilhoaram-se os portões intemporalmente, trancaram-se as portas eternamente, serraram-se janelas apenas com espaços suficientes para adivinhar o rumor de quem passa. Acelero o passo até casa, arrebata-me a ansiedade do que desconheço e do que me possa roubar a integridade que me tornou indivíduo. Chego a casa, tranco as portas, engulo a chave, fecho as persianas e deixo a portada da janela do quarto semiaberta, para deixar entrar a luz, para estar atento ao que passa e para que, neste espaço alheado, não me aliene eu também…



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Apoio a crianças e jovens com NEE e Explicações

Professora com vasta experiência no trabalho com crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 16 anos e com adolescentes com Necessidades Educativas Especiais no domínio das deficiências mentais, motoras, visuais, neuro-comportamentais e dificuldades de aprendizagem oferece-se para apoio educativo naquelas áreas.
Trabalho com musicoterapia, terapias de relaxamento para perturbações comportamentais. Atividades de reeducação na Dislexia, de treino das competências específicas, apoio académico e atividades de vida diária.
Dou ainda explicações de Português a todos os níveis e de outras áreas estruturantes do ensino como História, Geografia, Inglês, Filosofia, etc. Apoio ao estudo e à realização de trabalhos de casa.
Faço domicílios na área de Vila Nova de Gaia ou atendo em casa, em Arcozelo, onde disponho de mais material pedagógico.

CONTACTO: Andreia Rocha (919142432)
andreia_xp@hotmail.com

Mythic sounds IV

Os rostos do Não

Saio por aí… Procuro em gente sem rosto, a valorização consentida daqueles que me desconhecem, que não me querem conhecer e que fingem, de forma visível, não me querer ver.
Somos aqueles que andam perdidos pelo meio de uma multidão com rosto de não, tentando ultrapassar o caos até à morada mais próxima dos nossos corações. Mentes conturbadas pelas intermitências dos lugares que mal chegamos a olhar, relances da memória, registos voláteis daquilo por que passamos na busca de um assentimento. Já nem me recordo por onde andei ontem, nem que céus se ergueram sobre mim. Os chãos que piso são sempre os mesmos e os rostos de negação não se alteram. Sou cópia de um outro, a sombra transfigurada daquela que outrora começou esta busca. Olho o chão, os passos lentos que se estendem em lamuria no solo lamacento, deixando para trás marcas, neste labirinto, para que possa talvez regressar... Os momentos são já memórias e o presente é tão volátil quanto o passado que fui deixando para trás e incerto como o futuro que nem sei mais se existirá… porque, hoje, estou presa a um presente estanque, dado a repetições bulímicas e a semblantes copiados, os rostos que se retomam e que não nos deixam avançar, que nos empurram, não nos permitindo escapar deste momento que não acaba até que se inicie novamente, em movimentos cíclicos, iguais aos das nossas pernas cansadas e ao movimento do relógio que todos os dias, não mais nos oferece, do que as mesmas horas... esses rostos que nos travam e que nos agrilhoam às pedras cinzentas deste chão... os rostos do não...

domingo, 6 de novembro de 2011

Mythic Movies I

Não sei bem porquê, mas parece-me que este vai ser um filme que vou gostar de ver. Rompe com os paradigmas dos filmes que se debruçam sobre a problemática do cancro. Para lá dos dramas, tenho a certeza que há mais, na vida de uma pessoa que combate essa patologia, portanto, para mim, uma versão até mais realista deste cenário. Fico a aguardar... 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mythic Sounds III

Talvez seja a sensação catártica de ter suplantado um problema e a nostalgia de ainda sentir as emoções à flor desta pele de galinha, mas a música realmente tem um efeito holístico em mim. Não é em vão que é cognominada de arte do inefável. E não quero deixar de partilhar uma sonoridade que tem esse mesmo efeito transcendental sobre mim... espero que tenha o mesmo em vós... :)  Enjoy




domingo, 30 de outubro de 2011

Mudei a cara ao nosso pequeno espaço

À conta do tempo que insiste em não passar, decidi dedicar-me a tornar este nosso espaço, mais acolhedor, mais significativo e genuíno, para quem por cá passa. Espero que gostem... Peço desculpa por não usar cores claras, bem sei que causa um pouco de confusão, mas gosto mesmo muito dele assim...

Deu-me um especial gozo construir o cabeçalho, também ele um pouco intimista e dedicado às parcelas da vida que me tornam imensamente feliz e realizada.


 Vou ficando à vossa espera!




Redução da componente lectiva pela idade e tempo de serviço

Dada a situação dos professores na actualidade, e visto que este tipo de situações devem ser divulgadas, posto, seguidamente, um link a que todos os docentes que têm direito a reduções, devem aceder. Desta forma poderão conhecer os seus direitos e, como um colega afirmou, reclamarem-nos, não só como resposta à conjuntura actual que, em nada favorece professores (do quadro ou não), mas também, na tentativa de criar mais horários para os docentes contratados que, este ano, mais do que nunca, enfrentam grandes dificuldades.

http://www.sprc.pt/default.aspx?id_pagina=1347

quinta-feira, 27 de outubro de 2011


"Para se ser feliz até um certo ponto é preciso ter-se sofrido até esse mesmo ponto."
(Edgar Allan Poe)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Da precariedade à insignificância

Nos dias que hoje correm (lentos, demasiadamente lentos), pulsa-me nas veias um sentimento de injustiça que não consigo superar ou fazer com que se evada da minha mente. Julgo que, desde que nasci, fui colocada numa casta silenciada e de lá não consigo sair. É como se tivesse escalado até ao limite mais alto e que, o fosso que se interpõe entre o local onde estou e o patamar para onde pretendo ir, fosse maior que a minha flexibilidade pudesse aguentar.

Toda uma sociedade em tumulto! Teremos de abdicar dos subsídios, muitos, das suas mordomias ou reformas vitalícias que, por si só, pagariam os subsídios aos demais... e dei então comigo a pensar no seguinte: escolhi ser professora (mas agora que penso, acho que essa decisão me perseguiu, para bem ou para mal). Não consegui ainda a estabilidade de muitos, como é óbvio, porque ainda não cumpri assim tanto tempo de serviço, mas, sem maior sucesso na procura de outro tipo de empregos (leia-se: todo o tipo de empregos).

Pouco tempo depois, acomodei-me à ideia do sacrifício: que teria de ser assim, para alcançar fins maiores... Outra vez o fatalismo árabe ou até mesmo a utopia religiosa da auto flagelação como caminho para um paraíso que mais se parece, nos dias de hoje, com o Inferno de Dante. Mas o facto de termos direitos expressos em código de trabalho e na Constituição Portuguesa, como são o caso da indemnização por caducidade e os subsídios, tranquilizava-me a mim e à minha carteira.

Porém, recentemente, é-nos anunciado um fatal destino ditado pelo OE/2012 e comecei, definitivamente, a fazer as contas.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA:
(Hipotética porque ainda não tenho colocação e não posso tomar um exemplo real)

Sou colocada perto de casa (que para mim é a distância a que estive no ano anterior - 40km) com um horário completo numa substituição por maternidade (na melhor das hipóteses), ou seja, um contrato bondoso de 5 ou 6 meses (isto se não se sobrepuser a Julho e Agosto, porque o senhor Crato não nos quer lá nessa altura).


1373,13€ (valor bruto, sem descontos) X 6 = 8238,78€


Ora, como não tenho direito a mais subsídio nenhum e como já estamos quase no fim do ano e nem sequer prevejo uma colocação breve (e julgo que para o ano seguinte, a situação estará pior), posso partir do princípio que, em 2012, como uma portuguesa precavida, tenho de fazer render este vencimento por 12 meses (isto sem contar com os 200€ de gasóleo mensais, a pobre alimentação e a merda das SCUT, imagine-se quem tem de se mobilizar para fora de casa e para além das contas na sua morada original, ainda tem de pagar contas numa segunda morada, como eu não faço isso por falta de retaguarda económica, só posso equacionar esta situação). Portanto, pontos nos "is":

8238,78€ / 12 = 686,56€

Ora, com base nesta situação hipotética que, muitos dos meus colegas sabem afirmar não ser a pior de todas que podem calhar em rifa (baixas de um mês seguidas de azares em bolsa de recrutamento - por azares, entenda-se compadrio -, etc), eu chego à conclusão que, como funcionária pública, o Estado não irá efetivamente pagar-me mais de 1000 euros mensais (isso só acontece se nos cingirmos aos meses em que, de facto, trabalhamos, pois o Estado não tem obrigação nenhuma para com um contratado que, tanto quanto sabe, num ano de trabalho pode até só ficar um mês colocado).

Gostava então de saber se alguém sugere soluções para explicar, ao Sr. Nuno Crato e companhia, a situação que já não é precária, mas miserável, dos contratados que, como eu, anseiam uma substituição por maternidade ou doença prolongada (com todo o respeito pela parte lesada). E fazer-lhe as contas para, se identificar que, teoricamente, não ganhamos mais de mil euros por mês, era bom não era? 

Será que quando apresentar o meu rendimento bruto (brutalíssimo!!!!) em modelo próprio de IRS, as finanças me pagarão os subsídios de Natal e de Férias que ficarão em dívida nestes próximos dois anos, face aos meus rendimentos? 

Agora num tom menos jocoso, há coisas incompreensíveis... Mas representamos o mais baixo de todos os escalões na hierarquia da docência e, muito provavelmente, e em comparação com outros membros activos da sociedade, não tardaremos efetivamente a ser uma das camadas mais baixas da sociedade. O silenciamento que nos cala, é pior do que uma repressão ou uma mordaça em torno das nossas bocas... é a total ignorância e desrespeito por uma situação muito específica desta nossa profissão, onde, para exercê-la, perdemos dignidade e não somos protegidos por um Estado que se auto intitula de Social/Providência. Dá-me a impressão, inclusivamente, que ainda ninguém se lembrou deste pequeno pormenor que aqui expus. Porque quando falamos em funcionários públicos, falamos de uma generalidade de profissões liberais em que quase não se praticam os contratos a termo indeterminado, salvo as exceções que já estarão previstas, mas que, convenhamos, não se repetem com a mesma intensidade. Enfermeiros têm contratos de 1 ano, policias, médicos, administrativos, etc. Eu, concorro para horários temporários, como muitos, porque de outra forma não lecciono, mas isso implica que, muitas vezes 1 mês, 3 meses, 6 meses, sejam o nosso tempo de trabalho durante um ano letivo... mereceríamos uma pequena ajuda, um incentivo, para que eventualmente não olhem escandalizados para os professores dos seus filhos quando souberem que dormem no carro, que não almoçam ou comem uma sandes trazida de casa e, muito provavelmente, proporcionada pela mãe ou pela sogra em título de solidariedade. 

Junte-se à situação hipotética que expus, o facto de tão pouco tempo de trabalho não representar prazo de garantia para acesso ao subsídio de desemprego e de não termos uma indemnização ou mesmo um subsídio para garantir que, no primeiro mês sem vencimento imediato, nos consigamos deslocar para a escola, alimentar e pagar as nossas contas. Junte-se ainda o sofrimento de famílias em que ambos os cônjuges são professores ou ainda, onde os filhos lutam para ter acesso a bens essenciais (sim, há professores contratados que não puderam esperar o vínculo em prol da biologia humana e dos relógios biológicos, que, infelizmente, não param).

Quando falava em sacrifícios na carreira, nunca pensaria eu que teria de perder a minha dignidade para exercê-la. É uma reflexão que a sociedade terá de fazer, pois nós somos os futuros desgastados, deprimidos e revoltados mentores de uma geração crescente... pergunto-me eu: será isso que nós queremos?

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Santiago pela lente







Alquimia da Felicidade

Descobrir o segredo, a fórmula que um qualquer alquimista tenha inventado para tornar a vida que, como um fardo, por vezes transportamos, não é fácil. Cheio de mensagens subliminares, cheio de metáforas só ao alcance dos mais hábeis tradutores das emoções humanas, de mensagens codificadas, de imagens cortadas a meio e de ideias fragmentadas está o segredo que compõe aquela tão procurada fórmula. Sistemas de equações, fórmulas físicas, caracteres gregos, claves indecifráveis... todas escondem o segredo que todos ansiamos descobrir.

A verdade é que nunca somos felizes, porque expectamos muito mais que o destino nos pode porventura oferecer, queremos sempre mais e melhor, tudo o que possuímos nunca chega, porque  queremos sempre o que os outros têm e caímos no erro de ansiar mais os sonhos e concretizações forjados pelos demais do que as nossas próprias fantasias... até que perdemos a identidade e não sabemos mais o que nos faz feliz. Ansiamos o que não é nosso e nunca há-de ser, aquisições, que mesmo concretizadas, não sabemos se nos levariam até às passagens onde reside a felicidade.

Muitos de nós chegam ao fim dos tempos sem cumprir sequer um sonho próprio, que não tenha sido manipulado por uma sociedade de hábitos rotineiros, iguais e maneiristas.

Perdemos tanto tempo nessa busca infrutífera, que nem sequer nos apercebemos que, afinal, muitos estiveram vazios e nós cheios. Podem não nos ter dado os sonhos, mas deram-nos as ferramentas para que as soubéssemos utilizar. Porém, perdemos tanto tempo nas outras conquistas que nem exploramos o que nos foi dado à nascença e que permitiria conseguir concretizações muito mais significativas do que as que a riqueza material garante…

Num período em que quem tem o poder são os senhores do dinheiro, há que olhar para os nossos instrumentos e tocá-los numa composição única e irrepetível. 

Não atingiremos o poder soberano, certo é, mas a imortalidade… qual destes sonhos afinal será o melhor?




quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O que não se sabe e fica sempre por dizer…



Com os últimos cortes e após saber que os Senhores Deputados não serão abrangidos pelos mesmos porque obviamente ganham muito menos do que eu e não podem sobreviver sem os seus 6.700€ adicionais, só me apraz fazer uma série de especulações.

- 1: Qual é o estatuto especial da função pública em que os Deputados da Assembleia entram para que não tenham de abdicar dos seus subsídio? Não deve ser do mesmo grupo de contratação especial que os professores, pois esses, nem subsídio, nem emprego, nem caducidade, nem nada…

- 2: Este ano, se por acaso tiver a sorte de conseguir um horário de substituição por licença de maternidade, trabalho 5 meses, dividindo o auferido pelos restantes meses do ano, ganho pouco mais que 500 euros mensais… Porque é que eu perco os subsídios? Claro, claro, eu não formo as mentes do futuro…

- 3: O que vou perder sem o meu subsídio? Nada demais. Queria um exaustor, que ainda não tenho, mas parece que o azulejo vai ter de continuar a acumular a gordura. Prendas, nenhumas, só nos saldos. Comida, tudo bem contadinho e sem margem para os devaneios naturais da época festiva. Aquecimento: A casa precisava de isolamento, e a luz está muito cara para ligar o aquecimento. Parece que este ano é só mantinhas.

-4: De que é que o senhor deputado não pode prescindir? Dos seus empregados, das suas mordomias, de um Natal em grande. De prendas para os filhos como carros topo de gama… enfim, todo o tipo de primeiras necessidades que nós, meros mortais, não podemos criticar, porque afinal, há que apertar o cinto e, em vez de um Audi, o senhor deputado irá comprar um Toyota Prius para a sua filha… Já cá nós, não nos queixemos muito que poderemos sempre dar uma caneca para o chocolate quente (receita com água em vez de leite e imitação de pantagruel).

Diário de uma amedrontada



O sono já cai sobre estas quatro paredes, mas revisito o inevitável medo e receio do amanhã que urge, nestas horas em que o silêncio e a solidão dão espaço aos terrores que transporto. Tenho medo, apercebi-me hoje que talvez fosse isso que não me deixasse dormir, que me impede de respirar fundo, que torna soturnas estas horas negras e invade os meus sonhos sem me deixar descansar… É o medo que não me deixa dormir!

É bem certo que todos têm medo… da morte, da doença, da solidão… mas o meu medo é tortuoso. Não tenho medo do que poderá terminar com a minha vida ou o que a compõe, mas medo de não a poder levar avante e não consiga sobreviver sem que perca a minha dignidade.

Começou cedo este medo… começou quando naquela casa tão cansada, os gritos povoavam as divisões, os choros nos torturavam e abraçavam e, agarrados aos corpos flagelados, sofríamos no barulho daquela habitação, e no silêncio aparente que as paredes pintavam. Logo aí, sabia que queria ser diferente, procurar um novo caminho e encontrar um outro futuro.

Esse medo também me tomou, quando as maleitas não permitiam que fosse igual aos demais. Por entre dedos apontados, por entre discriminação e maus-tratos, ouvi um clamor surdo das poucas palmas que já batiam por mim e que, pelo destino, foram já roubadas.

Continuei a sentir esse medo enquanto crescia, embora a construção de um ser, de uma alma nobre com valores nobres me dessem a coragem para alcançar as minhas metas. Fui filha notável, fui aluna insigne e cumpri o primeiro sonho. O ingresso no ensino superior, levar-me-ia à próxima etapa na conquista de um novo presente, mas o medo, ainda assim me tomava. Os recursos não eram muitos, uma vez mais, tive de lutar por um lugar ao sol, por mais recôndito que fosse. Abdiquei de férias, abdiquei da presença dos amigos, abdiquei do descanso para terminar uma etapa. Terminei-a com inesperado sucesso… ainda assim, o medo não se dissipou…

Bati a todas as portas, recebi todos os tipos de nãos, abusos e dissimulações levianas. Fiz o que não queria ter feito, trabalhei onde nunca queria ter trabalhado, para que não fosse em vão este esforço para tentar continuar a perseguir os meus sonhos… até que perdi o rumo novamente… numa casa sem alicerces, onde fazia toda a força para que as paredes não caíssem, não resisti em gastar a única esmola que me era dada pelo Governo numa nova formação. Meta cumprida de forma brilhante… ainda assim, medos, ânsias, estaladas de luva branca, baldes de água fria… Até que finalmente fui o que sempre quis ser e que me inspiraram a ser: professora. Ensinei com avidez, absorvi-me numa vida tão transitória e artificial como esta para viver dois momentos de felicidade espontânea… Sem medos…

Agora, aqui estou, novamente, numa casa onde ecoa o silêncio e onde me toma a solidão. Resta-me apenas a certeza de que esta casa, esta nova morada, já se segura com alicerces perfeitos. Mas o medo, novamente o medo… que o que sou e quero ser corrompa os alicerces que tanto trabalho tive a construir. Que o amanhã não sorria e que a esperança, já tão débil, desapareça enfim e sobrevivamos como alienados, gente sem vida movida a uma qualquer energia alternativa que nos faz apenas andar por obrigação. Onde está o nosso direito à felicidade?

Foi inevitável, com as últimas notícias a que temos vindo a assistir, não voltar a experienciar esse medo que sempre me tem assolado. Mais forte que nunca… porque até aqui, a esperança num amanhã melhor, sempre me acompanhava. Agora, neste momento, quando tento perspectivar o amanhã, apenas a fobia permanece, vislumbro somente a escuridão, uma penumbra enorme, o infortúnio e a tristeza cerrada nos rostos dos que passam.

Não me tiraram apenas os subsídios ou o emprego, tiraram-me a capacidade de, ainda que transitoriamente, ser feliz. Tiraram-me a possibilidade de viver dignamente sem que tenha que bater na porta que tanto me agoniou. Tiraram-me a minha independência e a minha capacidade de sonhar com um futuro melhor, porque isso é uma ideia romântica e disparatada. Hei-de ser sempre a que nunca teve sorte, hei-de ser sempre a que é capaz mas não pode ser, hei-de ser sempre a que não conhece ninguém e, por qualquer estrada que siga, hei-de sempre ficar no mesmo triste destino.

Como vejo os próximos tempos: a minha casa (arrendada), o amor que me toma e uma triste sobrevivência. Trabalho incerto, 2 meses, 3 meses, quiçá, já será muito bom. Sem subsídio, sem indemnizações… resta-me fazer com que o auferido nesses poucos meses de trabalho, seja equitativamente dividido por todo um ano, sem devaneios, portanto.

Procurar outro emprego? Não penso noutra coisa… Mas as lojas, os cafés, os restaurantes e todos os trabalhos menores que procuro, estão tristes e taciturnos como eu… adivinhando as próximas dificuldades.

O que fazer? Sobreviver, sem a perspetiva ou ilusão de que possamos fazê-lo com felicidade, passando as necessidades que à nossa geração, como às outras, nos aprouve. A diferença é que, fruto da solidariedade, fruto da amizade, fruto dessa mesma terra que agora surge tão árida, nunca faltava comida na mesa que dispunham os nossos pais. Neste momento, neste exato momento, mais do que o medo de uma infelicidade eterna por incumprimento de sonhos e metas, surge o medo da fome, da necessidade e das provações. Para esta alma que lutou sempre por mais e que não vê agora qualquer outra possibilidade, este é o medo que mais me aflige nestas horas mortas… Nunca fui mais do que eu própria, nunca roubei ninguém, completei as minhas obrigações com sucesso e nada mais me resta que o medo da fome. Da fome de sonhos e da fome física…

Deste País, desta sociedade, nada mais restará para além de felizardos, lambe botas, apadrinhados e pobres, pobres como nós, que teríamos potencial para calar um mundo, se não nos tivessem roubado as armas e o ânimo que nos movia. Sou, já hoje, amedrontada, desprovida de sonhos, alienada e um autómato da sociedade que me comanda. Quando for trabalhar, farei o que me mandam, no tempo para o qual me pagam, com o sorriso amarelo que trago, com pouco afinco, porque dividindo três ordenados por 12 meses, sou muito mal paga à hora. Aos meus alunos, desejo sorte, porque não serei eu a inspirá-los… Não da forma como perspetivo o futuro e como sou valorizada… de nada vale, somos meros joguetes, um número. Se o trabalho ficar bem feito, mais ou menos ou muito mal feito, de nada interessa, para o ano, outro número se ocupará dessa tarefa. Para mim, peço apenas a dádiva de um emprego, um trabalho, o que lhe quiserem chamar, para que um ordenado não tenha de pagar a renda, as contas e o sustento e fiquemos, para sempre, nesse buraco enclausurados das felicidades que os demais gozam… Quem me dera não ter estudado, não teria ambicionado a felicidade que nunca tivera nem tenho agora.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O valor das coisas

Os tempos repetem-se, ciclicamente vivemos e revivemos o calendário para, por fim, voltarmos ao início comprazidos pela sucessão de dias que nos remetem para um passado, que nos entregam um momento presente e nos oferecem um futuro. Tempos após temos, anos após anos, meses após meses, dias após dias sucedem-se, mas não se repetem porém as vivências. Porventura é essa condição que nos afasta das máquinas, que nos torna inteligíveis e sensíveis a um mundo exterior que não podemos controlar.

Uma vez mais uma experiência termina, quase ciclicamente na mesma data que outras semelhantes. Mas nunca iguais… mudam-se as gentes, mudam-se os rostos, mudam-se as circunstâncias e até mesmo os laços. E uma vez mais fica a nostalgia e o desejo, embora utópico, de retomar os tempos já passados, de agarrar esse pretérito e torna-lo presente e até mesmo futuro. Mas muito dificilmente a experiência se repete e nunca voltaremos a ser tão felizes quanto da primeira vez. Restam as memórias e a ânsia de que, quando o mundo completar as voltas necessárias, nos voltemos a encontrar e a partilhar dos mesmos sorrisos que agora gravo na memória… que essa sim, permanece, muito menos volátil do que o tempo.

Obrigada por mais um ano, por um ano excecional que ajudaram a construir. Obrigada pelos momentos. Obrigada pelo companheirismo, altruísmo e compreensão. Obrigada pelos laços desprovidos de qualquer interesse secundário. Obrigada por acreditarem em mim e me fazerem acreditar que posso ser melhor e atingir todo o meu potencial apesar das dificuldades que sempre enfrento…

Fico grata por, embora as minhas experiências serem tão fugazes, valerem sempre a pena e deixarem sempre o desejo de voltar a repeti-las…

E embora já muito repetida a frase, não vejo outra que se adeque tão bem ao que tenho vivido como a seguinte:

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
(F. Pessoa)
Aos colegas da EB 23 B.C.; 
aos colegas das escolinhas, 
aos meus meninos que fazem sempre valer a pena a experiência...

domingo, 25 de setembro de 2011

Caminhos

Ruas estreitas, ruas largas, onde cabem dois corpos e uma bagagem, onde se cruzam olhares, onde ecoam palavras soltas, onde deambulamos olhando o secretismo de cada um que passa. Calçadas cheias de passos lentos, de gente que passa, com pressa e não para… Becos onde nos perdemos frente aos muros que não podemos escalar, vielas onde nos cruzamos sem mesmo planear. Margens destes rios, margens deste mar, onde os segredos são revelados, aqueles nunca antes contados… Pontes desenhadas sob os nossos pés... Caminhos cruzados, vários dias passados, noites que nos transformam e nos tomam… pelo amanhecer, somos já outros, redundantes nas metas, retomando caminhos, reconhecendo as caras, sem porém sair dos trilhos… Já não mais nos aventuramos nesses labirintos…