segunda-feira, 26 de abril de 2010

Singularidades de uma rapariga Morena:)

Sei que já é tarde para as resoluções de ano novo, mas, como já diz o povo: "mais vale tarde que nunca". Com base neste preceito, achei que não seria tarde demais para ler... sim, adoro ler e tenho uma prateleira de livros com os quais me vou comprometendo, mas nunca lei. Folheio, leio as primeiras páginas, mas nunca chego ao fim... foi o que aconteceu ao "Ano da Morte de Ricardo Reis", à "Cidade e as Serras", etc.
Fala-se na necessidade da leitura, mas o tempo que urge, o cansaço que abala a vida diária e que tenho a certeza que nos toca a todos, por vezes não nos permite o afago e o ócio da leitura de um bom livro, por isso, tomei esta resolução: acordar cedinho, vir para a escola e, enquanto tomo o meu cafezinho, leio um pedaço de livro:) Qual foi o eleito? Os "Contos", de Eça de Queirós e claro que comecei com "Singularidades de uma rapariga loira".
Esta necessidade surgiu na sequência de uma formação de leitura a que assisti no passado Sábado e nesse mesma, recordei-me de um poema fantástico que aproveito para partilhar... nunca se sabe se o bichinho da leitura pega:)


Falta um combate ainda o decisivo.
Ganhei quantos perdi, porque resisto.
Mesmo cansado e mutilado, existo,
Num vitalismo cósmico ostensivo.

Filho da Terra, minha mãe amada,
É ela que levanta o lutador caído.
Anteu anão,
Toco-lhe o coração,
E ergo-me do chão
Fortalecido.

Mas há fúrias hercúleas contra mim:
O tempo, a morte, e o próprio desencanto
De viver ...
Pode, porém, ainda acontecer
Que, mesmo nessa hora, a consciência
Negue, de frente, a própria violência
Que me vencer ...

Miguel Torga
Câmara Ardente

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