quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Nos meandros da educaçao nacional

Sei que o meu pequeno blog pouco ou nada visitado não terá um grande impacto na actual situação do ensino em Portugal, no entanto, cabe-me fazer algumas reflexões que julgo deveras importantes:

1. Ofertas de Escola e afins...
Não poderia ter sido dado um nome tão conveniente a esta plataforma como "oferta", porque de facto são dádivas quase que natalícias, mas claro que não oferecemos presentes a desconhecidos. Portanto, oferecemos prendas ao primo, ao marido, à amiga da prima, etc. Assim, vemos pessoas com uma graduação profissional miserável, sem dias de serviço e mais novas que muitos outros, a tomarem as diversas vagas lançadas por estes dias pelas escolas/agrupamentos TEIP. Acho inclusivamente flagrante que escolas que lançaram 5 ou mais vagas, analisem as candidaturas e decidam os candidatos em menos de 2h. Deve apenas realçar que ainda há escolas que mantêm a idoneidade, como é o caso do Agrupamento Rodrigues de Freitas, no Porto, que fez a análise dos candidatos durante um período temporal significativo e seleccionou pessoas que de facto estariam no topo das listas.

2. As Bolsas fantasma
Fala-se acerca de Bolsas de Recrutamento para aqui e para acoli, mas ninguém sabe quando as há, como serão ou se inclusivamente se algum de nós desgraçados poderá vir a ser colocado numa delas até o fim de Dezembro.

3. O estado falacioso de paz relativa das escolas
Os media, de uma forma geral, têm passado uma ideia totalmente falaciosa de que o ano lectivo que agora se inicia está a correr às mil maravilhas, resta apenas saber porque muitas escolas se queixam com a falta de professores e de horários que foram lançados e que ainda não viram a luz do dia a concurso. Quem sofre? Não só os professores que ainda se encontram parados, mas também os alunos, que mais do que sempre, se encontram a frequentar escolas onde tudo é um maquinismo acelerado, como se de máquinas de fazer protótipos de gente se tratassem.

5. Nem tudo o que é dito o é...
Quando pensava que não actualizaria mais este post, cai na realidade. Dia 17 sai a BR02 e eu recebo uma sms informando-me que havia sido colocada. Convicta de que os horários seriam anuais, não imaginam a euforia, os telefonemas, as sms a informar os mais queridos. Chegando a casa, diante do PC, aceito, obrigada uma colocação temporária pelo período de um mês. Era Sexta-feira, depois das 19h30m, não havia volta a dar, ou aceitávamos na esperança que o mês seja mais alargado, ou não aceitávamos e éramos retirados da bolsa, pois na 2.ª feira, o prazo da aceitação electrónica já teria expirado. Situações hipotéticas: fui colocada no penúltimo horário temporário para o meu grupo, na minha última preferência, caso a bolsa fosse apenas para horários anuais como a DGRHE informou, não seria uma candidata a um horário anual? Quantos de nós não ficaram nesta situação? Quantos candidatos menos graduados ficarão em horários anuais na próxima bolsa e terão possibilidade de recondução no próximo ano lectivo? Não se trata apenas de injustiças, mas de um desrespeito pela classe e pela ética laboral que nos devia reger a todos! E, por fim, um desrespeito pela nossa condição humana, porque quem recebeu a sms na 6.ª como eu, julgou, tal como eu que havia ficado, pela primeira vez num horário anual e quando deparado com a realidade, a revolta, a agonia e a sensação de injustiça tomou conta de nós.
Toda a política do Governo anual relativamente à Educação, é apenas uma proletarização da mesma: somos máquinas avaliadas anualmente, na hipótese de se detectarem avarias, somos máquinas de moldar alunos, somos máquinas de produção massiva de alunos pseudo-bem formados... E tal como máquinas, não somos programados para sentir, para reflectir, para pensar ou agir de livre arbítrio. Entristece-me profundamente saber que a aparente evolução da nossa sociedade não é positiva, convenhamos que até os clássicos sabiam que: A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida e caso os senhores deputados da Assembleia da República não saibam, um dos mais importantes pilares da educação, é o Professor... Pessoalmente, adoro o que faço, quando estou a trabalhar, quase me esqueço de todas estas contrariedades por quais passamos no início de cada ano, mas cada dia que passa, me apetece citar uma colega: "Para que é que não fui para florista?" :)

2 comentários:

Pedro Miguel disse...

Ah!Ah!essa da florista...genial!Mas a história seria a mesma, o sindicato dos floristas iria criticar, com razão , o governo, por não proteger a vida sexual das plantas, etc..
Os governos e a política servem apenas para manter o domínio das classes dominantes através do monopólio de forças omnipresentes. Por isso, desde que os seus filhos tenham o precisam, não há razão para se preocuparem com a educação e o bem estar do pobão.
A vida profissional(com consequências na social e familiar, infelizmente)é uma grande sanduiche de merda, da qual todos temos que tirar uma dentada..

Medeia disse...

Já estou farta de dar dentadas nessa sanduiche que só pela descrição me enojou um bocadinho assim :)