segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Friends will be friends...

A amizade é um daqueles relacionamentos que, ao longo da vida, se tornam mais importantes. Quando o amor familiar e a paixão se mostram constantes, este é o relacionamento que vamos cativando e preservando à medida que o tempo passa. Os amigos que se mantêm, apesar dos defeitos de cada um e das arduras da vida, acabam por ser parte de nós, tanto quanto a família.
Já um professor que admiro muito dizia: a amizade é um negócio, "é preciso dar e receber." E é verdade, quem não se reviu já numa amizade unilateral? Em que não medimos esforços, mas nada parece ser recíproco? Manter esse tipo de relacionamento é duro, mas com um pouco de esforço, nada se torna impossível. O mesmo professor citava, nas aulas de Literatura Portuguesa, Oscar Wilde: "Toda a gente é capaz de sentir os sofrimentos de um amigo. Ver com agrado os seus êxitos exige uma natureza muito delicada." A inveja é um dos sentimentos humanos mais comuns, tão natural como o amor e o ódio, mas controlá-la tem que ver directamente com os laços que estabelecemos com os que nos rodeiam, quando o amor supera a nossa própria necessidade de sucesso e bem-estar, sentimo-nos felizes com a felicidade dos demais. Quantas amizades não sofreram já deste mal? Jean Cocteau concorda, pois afirmou: "A felicidade de um amigo deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe." Por fim, algo que destrói muitas das nossas relações é ainda a intolerância que todos parecemos ter perante a sinceridade, com a evolução da sociedade, parece que passámos para um estado de total hipocrisia e maravilhamo-nos com aqueles que apenas nos deleitam com palavras doces. Devem ser ouvidas, estas palavras doces, mas somos humanos, somos imperfeitos, erramos, magoamos, mostramos má conduta e não devemos esperar que nunca sejamos punidos ou chamados à realidade que transformámos... não seria de esperar que os que amamos nos tomassem o braço e nos censurassem? - "Fazei amigos sempre dispostos a censurar-vos", afirmava Jean Boileau.
Os Romanos da Antiguidade diziam-se exímios na arte da preservação da amizade. Um amigo representava mais do que a própria família, seria confidente, conselheiro, participaria em todos os eventos, não se diria mal do amigo ou não se permitiria que tal se fizesse, havia um voto de lealdade e a manutenção deste negócio de que fomos falando... e é por isso, que hoje, apesar de todos os facilitismos, nunca estivemos tão sós.


Fonte da Imagem: Deviantart (Social Disaster)

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