quinta-feira, 18 de setembro de 2008

"Rockalhada" - Relatos Rock in Rio 6-6-08 (16/06/2008)


Foi na área de serviço de Pombal que ouvi esta expressão. Um grupo de jovens (jovens mesmo, eu daquela idade nem sonhava ir para o Rock in Rio)comentava: "Hoje é só para a «Rockalhada»" - e foi.

Dia 6 de Junho de 2008, partimos cerca das 15h e o calor fez-se sentir nessa tarde, apesar do vento. E, eis que, após uma morosa viagem, chegámos ao nosso destino -o "Parque da Bela Vista". Que, de belas vistas, pouco tinha.:)

Após subirmos uma ribanceira com uma inclinação para aí de 80% (que exagero), chegámos à entrada da "Cidade do Rock"...

1.ª Peripécia: Eu entro, após mostrar a minha mochila, e o meu namorado fica impedido de avançar, porque um grupo de jovens, na sua frente, decidiu trazer a merenda (eu escusava era de ter dito isto ao Polícia que se "espalhou" a rir, até porque deve ter notado uma certa pronúncia nortenha, quase impossível de disfarçar).

Finalmente entramos e começámos a analisar minuciosamente o recinto, embora isso se tenha tornado uma tarefa um tanto difícil, tal era a quantidade de poeira no ar (o que me valeram foram os óculos).

2.ª Peripécia (O Sapo): Eis que vimos... os sapos, bem, já desde que os tinha visto no "Comboio da Sabedoria", em Campanhã, que estava morta por tirar uma foto com ele... Ora, após momentos de hesitação, motivados por algum pejo... pronto, lá se tirou uma foto com o Sapo (muito simpático, por sinal). :)



3.ª Peripécia (A comida):Eh pa, para comida nunca se nega dinheiro, mas a verdade é que 13 euros por duas sandes recessas e dois refrigerantes, é um valor um tanto atronómico. Mas a necessidade era muita e lá nos sentámos num "pseudo-jardim" a devorar o nosso manjar dos deuses (ou não).

LET THE SHOW BEGIN

Ora, apesar de todos os brindes e diversões que inundavam a "Cidade do Rock", eu estava-me claramente a borrifar para isso tudo e, o que eu queria mesmo, era "rockalhada". Quase nada assisti do concerto dos Orishas, até porque não era muito do meu interesse, mas quando os "Kaiser Chiefs" começaram a actuar, eu já estava de bariguinha cheinha (ou não), plantada junto ao Palco Mundo. Mas que som!!! Pouco conhecia do projecto desta banda, ou melhor, só conhecia a "Ruby",que obviamente não foi esquecida no alinhamento dos rapazes.(foi a primeira vez que o meu namorado conhecia mais músicas de uma banda do que eu, porque pelos vistos, os rapazes têm os seus temas incluidos no FIFA e no PRO EVOLUTION SOCCER... K traço!). Têm uma sonoridade muito "Beatles", com uma pitadinha de "Oasis". E claro, têm também algo de original e a presença em palco, em nada deixou a desejar, tiveram, constantemente, uma óptima interacção com o público e um entusiasmo contagiante. Tudo isto misturado com alguns êxitos - que só no momento em que escrevo é que a expressão tem lógica, pois na altura, eram tudo menos êxitos:)- como "I Predict a Riot", "Every day I love you less and less", "Oh my God" e "Born to be a Dancer" resultaram numa entrada com ó pé direito, numa noite que prometia ser auspiciosa.



SENTADOS NO CHÃO À ESPERA DOS MUSE

"Knights of Cydonia", foi desta forma esplêndida com que os Muse decidiram iniciar talvez o melhor concerto da noite (ou não estaria lá eu por causa deles:). Um breve apontamento a este espectáculo deve obrigatoriamente passar pelos efeitos cénicos a que já nos habituaram os nossos amigos Muse, onde "palavras de ordem" vigoraram em "placards" gigantes e deram força aos gritos da multidão em euforia:

"No one's gonna take me alive
The time has come to make things right
You and I must fight for our rights
You and I must fight to survive"

Foi uma entrada explosiva e, se a ela lhe juntarmos "Map of Problematique" e "Hysteria", temos um concerto bastante promissor.

4.ª Peripécia:
Pois, eu decidi ficar a assistir ao concerto num local com uma visibilidade estonteante e... rodeada de betos, que não davam sequer um pulo. Eu já a ficar rouca e as pessoas a olharem de soslaio, como se pensassem: "esta deve ser "passada". Decidi ir procurar mais "passados" e, por incrível que pareça o concerto soube muito, muito melhor.

Mas os pontos altos da performance dos Muse, foram, sem qualquer dúvida "Starlight", "Time is Running up", "Plug in Baby" e "Stockholm Syndrome". Durante "Time is Running Up" Mathew Bellamy chegou a afastar-se do microfone para ouvir um público afinado e coordenado dar vida às suas composições. Até fez arrepiar.

Os Muse despediram-se do Palco Mundo com "Take a Bow" num concerto que marcou pela perfeição (apesar de um pequeno contratempo com a guitarra, durante "New Born"), a rapidez com que "vomitaram as músicas" (devido à escassez de tempo), mas, por ainda assim, conseguirem estabelecer uma relação de empatia com o público e por uma brilhante conjugação do óptimo poder performativo da banda, com os ambientes cénicos criados.





MR. NOODLES & C.ª

Passaria pouco tempo das 23h, quando "The Offspring" tomaram posse do Palco Mundo. E não poderiam ter iniciado o concerto de uma forma melhor, com "Bad Habit", uma das "antiguinhas" e provavelmente uma das preferidas dos apreciadores da banda. Não fiz questão de apontar os temas que foram sendo tocados pelo grupo, mas ficaram-me na memória, talvez pelo entusiasmo que tenham criado, "The Kids aren't alright", "Gone away", "Self estime" e tantos outros que deliciaram a minha adolescência parva. Não posso deixar de retomar o momento em que se ouviram os primeiros acordes de "Pretty Fly (For a White Guy) e o delírio do público... PLEASE!!!!! É possivelmente a música mais fraca da banda, e não entendo o delírio, mas está bem.

Notas a este concerto? Muito poucas. Apesar de gostar da banda, tento ser imparcial, e esperava um concerto mais poderoso. A nível cénico, nada apresentaram, a presença em palco foi muito fraca (apenas Noodles se destacou) e, a certa altura, o alinhamento apenas sondou o album "Americana", que para mim, foi o primeiro albúm editado pelos "Off", onde estes começaram a deixar de ser quem eram. De resto, a voz de Dexter estava surpreendemente perfeita, os arranjos estavam bem (parabéns à equipa de som) e as poucas musiquinhas que saíram da arca, souberam muito bem e permitiram-nos dar uns valentes saltos.



5.ª Peripécia: Estou eu, já rouca (ainda não afónica, isso foi no dia seguinte), sentadinha, à espera do concerto dos Linkin Park (paguei, portanto, vejo tudo, para ter sempre a sensação de que não foi dinheiro mal empregue). E alguém cai por cima de mim... literalmente por cima de mim. do género: eu estou sentada e caem em cima das minhas costas e a "Je", sempre muito oportuna e com as melhores palavras à espreita para saírem da boca diz: "Ei, oh migo!". O rapaz, atrapalhadito pediu desculpa, e eu a rir-me (se me tivesse magoado, não estava a rir-me de certeza).

O DESFECHO

Eis que começa o último concerto da noite, e neste é que não me vou alongar em comentários. Toda a gente sabe que não é uma banda que aprecio, os Linkin Park, no entanto, sei uma ou outra música, porque já toda a gente passou a fase do pessimismo e egocentrismo típicos da adolescência, porém, nem toda a gente ficou estagnada nela (ai que má). Mas algo devo afirmar, os rapazes são óptimos em palco, embora o vocalista não tenha resistido a duas horas de concerto e desafinasse um bocadinho aqui e ali. Foram, sem qualquer margem para dúvidas, a banda que mais empatia desenvolveu com o público (embora seja lícito questionarmo-nos se as restantes não teriam feito o mesmo se usufruissem do mesmo tempo de espectáculo). No entanto, temos de admitir que, apesar do fraco género musical, que a mim, pessoalmente, não me diz nada (mas os gostos são muito discutíveis e relativos) os rapazes são muito bons em palco e são verdadeiramente simpáticos.



E assim findo o meu relato dizendo: EU FUI! E GOSTEI [DOS MUSE PRINCIPALMENTE]

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